A partir de 18 de fevereiro, CINUSP exibe Uma Pedra no Caminho, uma mostra com 20 filmes, onde a subjetividade das personagens são transpassadas pelo contato com o que há de mais bruto e pré-histórico na natureza:  pedregulhos, cristais, cavernas, vulcões e montanhas. 

A viagem pelo mundo imóvel começa pelo olhar microscópico de Cristais Líquidos, as imagens de cristais passando do estado líquido exploram os limites entre arte e ciência. Em O Buraco mergulhamos nas profundezas intocadas da terra com um grupo de cientistas nas cavernas do sul da Itália, a sessão do dia 1 de março será acompanhada pelo debate com espeleólogo.Prof. Francisco William da Cruz Júnior. 

Saindo das profundezas, Wolfram, A Saliva do Lobo é uma observação documental dos detalhes visuais da mineração e refinamento de volfrâmio, na Mina da Panasqueira. Em Altiplano, a paisagem dos Andes se delineia enigmática com seus desertos vulcânicos e salinos, lagos, montanhas e céus coloridos.  O Fogo Interior: Um Réquiem para Katia e Maurice Krafft mostra como um casal de vulcanistas, que inicialmente realizavam registros quase turísticos, foram filmando com uma preocupação estética cada vez maior.

Não podíamos esquecer do lugar das pedras como objeto de desejo. Em Joias Brutas, a aquisição de uma opala negra como o incidente desencadeando uma trama de ansiedade e ganância. Um par de brincos se torna a origem do melodrama entre um general rico e sua esposa, que vende os pingentes para pagar suas dívidas em segredo em  Desejos Proibidos. Com uma abordagem crítica e poética, As Joias da Coroa do Irã trata da relação entre a opulência da realeza e a dura realidade da população. 

O caráter religioso da relação das pedras com os humanos é apresentado por Canção de Pedra, onde cortadores de granito das montanhas Aji- Shi creem na vida das pedras. Junto desse, Bassae, Círculos de Pedra e Cais Espiral, compõem a Sessão de Curtas, acompanhada no dia  28 de fevereiro pelo debate com a professora Eliane Del Lama, especialista em preservação da herança cultural, mineralogia e petrografia. 

Os seres imóveis ganham a vida do movimento nas animações. Švankmajer em Um Jogo com Pedras usa da animação stop-motion para fazer seixos de vários tamanhos pularem uma ciranda lúdica. Já a animação Mina retrata as relações de classe opressivas entre os trabalhadores negros e os patrões brancos em minas da África do Sul. 

Os efeitos sociais da mineração são apresentados em Surfarara, onde acompanhamos a jornada pesada e insalubre de trabalho de mineradores de enxofre da Itália. No curta de Leon Hirszman Pedreira de São Diogo, funcionários se reúnem para impedir uma detonação que pode destruir os barracos de uma favela próxima. Retratando as consequências da mineração para moradores da região, o documentário Rejeito traz à tona os desastres recentes de rompimento de barragens no país. Em Como Era Verde Meu Vale, aos pés de uma mina de carvão, a numerosa família Morgan vive sob o mesmo teto e enfrentam péssimas condições de trabalho e conflitos geracionais.

Passando do primeiro plano para o fundo, histórias incorporam o reino mineral como paisagem dos seus conflitos. Em Stromboli, onde o cenário pedregoso de uma ilha vulcânica reforça a sensação de aprisionamento de uma refugiada lituana. Um casal de anciãos com o cenário colossal do topo dos Andes são protagonistas de Eternidade. 

A mostra Uma Pedra no Caminho acontece entre os dias 19 de fevereiro e 03 de março. O CINUSP funciona de segunda a sexta-feira, com sessões às 16h e às 19h, e o Maria Antonia funciona de sábado e domingo, com sessões às 16h e às 18h. A entrada é aberta ao público e gratuita. A sala nova fica na Rua do Anfiteatro, 109, Cidade Universitária, dentro do Centro Cultural Camargo Guarnieri no campus Butantã da USP.

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