A pesquisadora Ingrid Barcelos, do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), foi a grande vencedora do Prêmio Carolina Nemes 2025, promovido pela Sociedade Brasileira de Física (SBF). A premiação, criada em 2018, reconhece mulheres cientistas e iniciativas que promovem a diversidade e a equidade na Física, duas bandeiras fundamentais para o avanço da ciência brasileira.

Com uma trajetória sólida em temas de fronteira da pesquisa, Ingrid atua em áreas como propriedades vibracionais de materiais na nanoescala, óptica de campo próximo e polaritons em materiais bidimensionais. No CNPEM, ela lidera o Laboratório de Amostras Microscópicas (LAM), infraestrutura essencial para o funcionamento das linhas de luz do Sirius, o acelerador de partículas brasileiro.

O laboratório comandado por Ingrid também se destaca por sua composição. Dos nove integrantes da equipe, sete são mulheres. Um dado que, por si só, dialoga com o espírito do prêmio, que é incentivar a presença feminina em espaços historicamente masculinos e promover uma ciência mais inclusiva.

"Ser reconhecida com o Prêmio Carolina Nemes foi muito simbólico para mim. Carolina foi uma cientista brilhante, que construiu uma trajetória sólida em um contexto em que havia menos espaço para mulheres na Física. Receber um prêmio que leva seu nome, especialmente em um momento em que a ciência brasileira ainda se encontra fragilizada por cortes de financiamento, desvalorização e fuga de cérebros, é mais do que uma honra, é uma reafirmação do nosso papel como mulheres cientistas", afirmou a pesquisadora, em depoimento ao SINTPq.

Além de seu trabalho à frente do LAM, Ingrid também coordena o desenvolvimento de amostras avançadas e atua na formação de novas gerações de cientistas, contribuindo diretamente para o fortalecimento da pesquisa nacional e da soberania científica do país.

Para o SINTPq, que representa pesquisadoras e pesquisadores das instituições científicas e tecnológicas do Brasil, o reconhecimento de Ingrid Barcelos tem um significado que ultrapassa o individual. Ele expressa o valor do trabalho coletivo que sustenta a ciência nacional, feito com competência, dedicação e, muitas vezes, em condições adversas.

Num cenário de cortes orçamentários, contratos precarizados e desvalorização institucional, trajetórias como a de Ingrid reafirmam a importância de defender uma ciência com financiamento adequado, estabilidade profissional e igualdade de oportunidades. São essas condições que garantem o avanço do conhecimento, a inovação tecnológica e a construção de um país mais justo. Vitórias como essa também reforçam a importância do papel dos sindicatos na luta por uma ciência pública de qualidade e com condições dignas para quem a constrói todos os dias.

"Este reconhecimento não é só meu. Ele pertence a todas as mulheres que persistem em ocupar e ampliar os espaços da ciência brasileira", disse Ingrid.

O SINTPq parabeniza Ingrid Barcelos e todas as mulheres cientistas que, com talento e resistência, seguem ocupando espaços e mostrando que a ciência brasileira precisa, sim, ser feminina, plural e valorizada.