Agência de risco dá perspectiva positiva ao Brasil e bancos já estimam crescimento acima de 2%
Previsão de crescimento da economia para este ano praticamente dobrou em menos de um mês
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) alterou de “estável” para “positiva” a perspectiva para a economia do Brasil. A S&P decidiu manter a nota de crédito soberana do país em BB-, mas a melhora na perspectiva não ocorria desde 2019. De acordo com o relatório publicado na quarta-feira (14), há sinais de “maior certeza” sobre as políticas fiscal e monetária, que podem beneficiar o crescimento do país.
Ao mesmo tempo em que a avaliação internacional sobre o Brasil melhora, os resultados favoráveis da economia nacional nos primeiros meses deste ano levaram os bancos a revisar significativamente suas previsões para os principais indicadores econômicos do país em 2023. Em menos de um mês, a estimativa dos analistas do mercado financeiro para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano aumentou de 1,02% para 1,84%, podendo chegar a 2,11% nas estimativas mais recentes.
Esses dados estão presentes na última edição do Boletim Focus, publicado semanalmente pelo Banco Central (BC). Para elaborar o boletim, o BC coleta previsões de economistas ligados ao mercado financeiro e as consolida em um relatório.
Segundo o Boletim Focus de segunda-feira (12), os economistas estimam um crescimento do PIB de 1,84% em 2023. Esse valor é a mediana de 110 previsões coletadas pelo BC nos últimos 30 dias. A mediana representa o valor central entre as previsões feitas, variando da menor à maior.
A mesma edição do Boletim Focus indica que foram coletadas 57 previsões nos últimos cinco dias úteis. Levando em consideração apenas essas expectativas mais recentes, após a divulgação do aumento do PIB no primeiro trimestre, os bancos esperam um crescimento da economia de 2,11%.
Essa expectativa está alinhada com a do governo para a economia do país. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou no início do mês que o governo sempre previu um crescimento do PIB acima de 2% em 2023.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,9% no primeiro trimestre de 2023 em comparação com o último trimestre do ano anterior. Em relação ao primeiro trimestre de 2022, o PIB teve um crescimento de 4%. No acumulado dos últimos quatro trimestres, o crescimento é de 3,3%.
Ao analisar os dados econômicos recentes, José Paulo Porsani, presidente do SINTPq, celebrou o balanço positivo. Entretanto, Porsani chama a atenção para o papel do congresso nacional na melhora econômica.
"Apesar dos números positivos do início do governo Lula, temos que ficar atentos às pautas do congresso nacional, em especial a reforma tributária, que pode aprofundar as desigualdades sociais no nosso país ou criar condições para superá-las. Para isso, precisamos de uma reforma que produza justiça social, isentando o povo de impostos sobre produtos de primeira necessidade e cobrando daqueles que sempre foram privilegiados ou que sonegam impostos descaradamente", comenta Porsani.
"Outro debate importante para cobrarmos o congresso é uma política que valorize o salário mínimo acima da inflação e a redução da jornada de trabalho. Só assim uma política econômica pode ser duradoura nas suas virtudes", complementa o presidente do SINTPq.
Inflação em queda
Quanto à inflação, as previsões dos bancos para o final de 2023 também apresentam queda, conforme o Boletim Focus. Há quatro semanas, a previsão era de 6,03%. No relatório mais recente, a mediana das previsões é de 5,42%, com base em 153 previsões.
Considerando apenas as 85 previsões coletadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana é ainda menor: 5,26%.
Em relação ao mês de maio, foi divulgada uma inflação de 0,23%, 0,1 ponto percentual abaixo das previsões dos bancos. Com isso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula uma alta de 2,95% nos primeiros cinco meses do ano. Nos últimos 12 meses, o índice acumulado é de 3,94%.
Emprego
A taxa de desemprego no Brasil foi de 8,5% no trimestre móvel terminado em abril. Este índice é o menor dos últimos oito anos, para o período analisado. Em 2015, a taxa ficou em 8,1%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o índice de 2023 também recuou em 2% - antes era de 10,5%.
Já em relação ao trimestre imediatamente anterior, entre novembro de 2022 e janeiro deste ano, a taxa ficou praticamente estável. Naquele período, o desemprego foi de 8,4%. Esses dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada em 31 de maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A analista da pesquisa do IBGE, Alessandra Brito, afirma que a estabilidade no índice de desemprego no período analisado é diferente do padrão, quando normalmente sobe.
“Essa estabilidade é diferente do que costumamos ver para este período. O padrão sazonal do trimestre móvel fevereiro-março-abril é de aumento da taxa de desocupação, por meio de uma maior população desocupada, o que não ocorreu desta vez”, explica a analista da pesquisa.
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