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OMS reconhece burnout como doença do trabalho; Veja o que muda

A partir de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a síndrome de burnout como “fenômeno ligado ao trabalho”. A OMS incluiu o burnout na Classificação Internacional de Doenças (CID) 11.

15/12/2021

A partir de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a síndrome de burnout como “fenômeno ligado ao trabalho”. A OMS incluiu o burnout na Classificação Internacional de Doenças (CID) 11. Sendo assim, a síndrome não é mais um quadro psiquiátrico, mas o resultado de estresse no local de trabalho que foi mal administrado.

A definição foi feita em 2019, mas só entra em vigor no próximo ano. O texto documenta uma lista de doenças e problemas de saúde ao redor do mundo. Incluindo o burnout ao CID 11, a OMS descreve os seguintes sintomas: sensação de esgotamento de energia, sentimento de negativismo ou cinismo relacionado ao trabalho e sensação de ineficácia e falta de realização.

Em conversa com o SINTPq, no episódio 13 do SindCast, o psicanalista Clóvis Castro explicou esses sintomas: “A síndrome de burnout pega muito a parte mental. Você começa a não querer fazer o que gosta, ter preguiça de sair com os amigos ou com a família... O cansaço não é físico ou muscular, é um cansaço da vida”, descreve Castro.

Com a nova classificação, as empresas devem estar ainda mais atentas à prevenção desses sintomas, já que podem ser responsabilizadas e obrigadas a indenizar trabalhadores. Se um empregado tiver laudo médico que comprove o burnout, a Justiça poderá avaliar o ambiente de trabalho e condenar a empresa.

De acordo com pesquisa da Kenoby - empresa de recursos humanos e recrutamento digital - divulgada pela Exame em maio de 2021, 93% dos profissionais de RH ouvidos disseram que as empresas ainda ignoram a questão da saúde mental dos trabalhadores. Destes, apenas 35% responderam que o investimento viria em menos de um ano.

Clóvis Castro comenta alguns fatores que podem levar o trabalhador a desenvolver a síndrome: “Pode ser um empregador que não dá a mínima ao empregado, pode ser que o trabalhador não esteja se cuidando adequadamente ou não esteja descansando. O trabalhador quer obter uma promoção, garantir que não será despedido. Equilibrar isso é muito difícil”.

O psicanalista também alerta para a importância da prevenção. Clóvis explica que é difícil para o trabalhador identificar o problema. Geralmente, são amigos ou familiares que identificam a situação. “Seria importante escutar o outro, dentro da família ou de um colega de trabalho, e ao primeiro aviso já dar uma olhada sobre isso, tomar ações para evitar chegar a esse estado”. “Quando a empresa consegue enxergar isso, é porque a pessoa já está muito mal”, complementa.

“O tratamento pode ser feito por um médico psiquiatra, um psicólogo ou psicanalista, dependendo da escolha do trabalhador. O tratamento é realizado com remédios, antidepressivos ou ansiolíticos, psicoterapia ou psicanálise”, afirma o especialista.

O SindCast #13, com o psicanalista Clóvis Castro, explica mais detalhes sobre sintomas, causas, tratamentos e todo o contexto social que envolve essa síndrome, que se torna cada vez mais comum no mundo do trabalho. O programa está disponível no SoudCloud e Spotify.