Notícias | Reajustes salariais abaixo da inflação atingem a maioria dos trabalhadores; confira o balanço

Reajustes salariais abaixo da inflação atingem a maioria dos trabalhadores; confira o balanço

De acordo com o Dieese, em cerca de 59% das negociações realizadas em julho os reajustes foram abaixo da inflação medida pelo INPC.

26/08/2021

A crise econômica, agravada pela pandemia do novo coronavírus, aliada a péssima gestão de Jair Bolsonaro (ex-PSL) e do ministro da Economia, Paulo Guedes, tanto no combate à pandemia quanto ao desemprego e a escalada da inflação, está corroendo o poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras, que ganham cada vez menos e não conseguem  sequer repor a inflação nas negociações salariais.

O boletim de “Olho na Negociação” do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e o “Salariômetro”, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mostram que o mês de julho deste ano foi o pior dos últimos 12 meses para o trabalhador que, junto com seu sindicato, lutou por reajuste em suas campanhas salarais.

De acordo com o Dieese, em cerca de 59% das negociações realizadas em julho os reajustes foram abaixo da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em outras 16% foram iguais à inflação, e em cerca de 25% resultaram em aumentos reais aos salários.

A variação real média das correções salariais em julho foi negativa (-1,87%). Para chegar a este total o Dieese analisou 129 reajustes com data base no mês passado.

Já o “Salariômetro” da Fipe mostra que em julho, a média do  reajuste foi de 7,6%. Como a inflação do período bateu os 9,2%, houve perda real nos salários de 1,6%.

Ao longo deste ano, de acordo com o Dieese, os reajustes acima do INPC representam 17,5% do total; sendo que os iguais à inflação oficial ficaram em 32,2%.

Já as negociações que terminaram em perdas salariais, com índice abaixo da inflação foram a maioria, com 50,3%. A variação real média no ano, até julho, foi negativa (-0,71%).

As causas para as perdas salariais dos trabalhadores estão no índice de desemprego, no desalento  na carestia, principalmente com os reajustes da energia elétrica e combustíveis, e na precarização das relações de trabalho provocadas pela reforma trabalhista, na avaliação da coordenadora de pesquisas do Dieese, Patrícia Pelatieri. 

“Com 15 milhões de desempregados, 5 milhões de desalentados, somados aos milhões de subocupados, a negociação salarial fica mais complicada”, diz a coordenadora do Dieese.

Até o momento, campanhas salariais do SINTPq garantiram a inflação

As negociações das empresas com data-base em agosto estão em andamento. Algumas delas já foram finalziadas, com os trabalhadores aprovando as contrapropostas em assembleia. Confira os resultados até aqui:

Fundepag: Em assembleia no dia 19/08, os trabalhadores da Fundepag aprovaram a contraproposta da empresa com 86,6% dos votos e encerraram a campanha salarial deste ano. Os principais pontos do novo Acordo Coletivo de Trabalho são: Reajuste de 8,99% nos salários e benefícios (IPCA) e licença paternidade de dez dias corridos.

FEALQ: No mês de julho, a campanha salarial da FEALQ foi encerrada com a correção dos salários e benefícios conforme o IPCA (8,99%).

von Braun: Na quarta-feira, dia 25, os trabalhadores aceitaram contraproposta garantindo o IPCA (8,99%) nos salários e benefícios.

Fundag: A direção da empresa concordou com a reposição inflacionária pelo IPCA, tanto nos salários quanto nos benefícios econômicos.