Após diálogos recentes com especialistas em saúde mental e relações de trabalho, o SINTPq encaminhou sua adesão à Rede Margarida visando fundamentar debates e ações práticas sobre o tema. A Rede Margarida é um coletivo que reúne professores, pesquisadores e instituições, a fim de aglutinar saberes, estudar e discutir saúde mental e trabalho. Por meio de eventos transmitidos on-line, a rede aborda temáticas como adoecimento mental, formas de violência, suicídio, entre outras demandas e necessidades emergentes.

A pesquisadora Dra. Márcia Bandini, médica especialista em medicina do trabalho e professora de Saúde Coletiva na Unicamp, coordena a rede e comentou sobre os benefícios significativos da participação do sindicato. “Acredito que o SINTPq, como um sindicato de trabalhadores na área de pesquisa, tem uma contribuição importante a oferecer. Estamos animados com a participação para que a gente possa desenvolver estudos, pesquisas, eventos, debates e publicações que alcancem toda a classe que este sindicato representa”, diz a professora.

Ao ingressar na Rede Margarida, o SINTPq se une a um movimento abrangente que busca conscientizar, promover mudanças e implementar políticas eficazes para apoiar a saúde mental dos trabalhadores, como complementa a Dra. Márcia.

“Nós temos sindicatos que já discutem nos seus acordos coletivos itens não só de saúde, mas especificamente da organização do trabalho, das metas que têm sido colocadas de maneira inalcançável, entre outros elementos. Então, de um lado, agimos junto à universidade para que vocês, como representantes de categorias, possam ter mais subsídios para a luta. E o caminho contrário também é feito, com os sindicatos trazendo para a universidade e, portanto, para a Rede Margarida, aquilo que já fazem nessa área”, diz a professora, acentuando uma troca significativa.

A professora explica ainda que a temática, além dos eventos e trocas de saberes, também passa por movimentos sociais e ações políticas. “A Convenção 190* da Organização Internacional do Trabalho foi publicada globalmente em 2019 e até hoje não foi ratificada no Brasil. Então essa é uma luta que de um lado é técnica e de outro é política também. Por isso que a gente precisa de um coletivo, não dá para fazer sozinho. Todos os nossos encontros têm uma representação paritária", pontua.

Dra. Márcia Bandini (à esquerda) durante palestra sobre saúde mental apresentada no SINTPq com sua colega Marília Cintra, cientista social e pesquisadora na área de ciências médicas da Unicamp

Trabalho e promoção da saúde

A coordenadora da Rede Margarida defende que o modelo de trabalho contemporâneo com a adoção de novas tecnologias tornou muito pequeno o limite entre o que é trabalho e o que é vida pessoal. Segundo ela, o estresse, a pressão, a sobrecarga de trabalho e as condições inadequadas são apenas alguns dos desafios enfrentados pelos profissionais no dia a dia. Essas dificuldades têm gerado exaustão, fadiga, burnout, entre outros problemas psicológicos. 

O SINTPq, juntamente com a Rede Margarida, visa a construção de um futuro melhor para todos os profissionais, onde a saúde mental seja uma prioridade indiscutível. “Eu acredito que o grande desafio é a gente pensar em formas de trabalho que não sejam adoecedoras e, ao contrário, pensar em formas de trabalho que sejam promotoras de saúde", acrescenta Márcia Bandini.

C190

*A Convenção Nº 190  da OIT (ou simplesmente C190) é o primeiro tratado internacional a reconhecer o direito de todas as pessoas a um mundo de trabalho livre de violência e assédio, incluindo violência e assédio com base em gênero. Ela esclarece o que deve ser entendido por violência e assédio no mundo do trabalho e indica quais medidas devem ser tomadas para prevenir e lidar com isso, e por quem.

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