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SINTPq destaca luta das pessoas com deficiência pela inclusão no mercado de trabalho

Mesmo com a luta de movimentos pela inclusão de pessoas com deficiência, a participação de PCDs no mercado de trabalho ainda é pequena.

24/09/2021

Nesta semana, foi celebrado o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, 21/09. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021, o Brasil tem 7,3 milhões de pessoas com deficiência (PCD).

Mesmo com o número expressivo e a luta de movimentos pela inclusão de pessoas com deficiência, a participação de PCDs no mercado de trabalho ainda é proporcionalmente menor que a de pessoas sem deficiência.

De acordo com o censo demográfico de 2010, 77,4% das pessoas sem deficiência estavam no mercado de trabalho, enquanto apenas 53,2% das pessoas com deficiência estavam inseridas. Em 2019, de todos os PCDs no mercado, a maior parte era de auxiliares de escritório 8,4%, 7,4% eram assistentes administrativos e 4,5%, faxineiros(as). Essas eram as áreas que mais tinham vínculos com pessoas com deficiência.

Daniel Hirata, trabalhador da Amazul Tecnologias de Defesa S.A., diretor do SINTPq e deficiente visual, é engajado na luta pela inclusão dos PCDs no mercado de trabalho. Segundo ele, a maioria das empresas ainda desconhece o potencial desses profissionais.

“Se apostarem nas pessoas com deficiência, as empresas podem ter um grande retorno. Entretanto, se essa questão for guiada apenas pela lógica de mercado, será muito difícil obter uma verdadeira inclusão”, complementa Hirata.

Em abril deste ano, Hirata participou de um episódio do SindCast (podcast do SINTPq) sobre o tema, o programa também contou com a presença de Ana Clara Moniz, estudante de jornalismo que milita sobre a causa compartilhando os desafios que enfrenta como cadeirante e criando conteúdo em seus perfis nas redes sociais. No episódio, Ana Clara abordou um caso de preconceito que sofreu em um processo seletivo ao tentar ingressar em um estágio em sua área.

“Participei de um processo seletivo e, quando chegou a fase de marcar a entrevista, me ligaram e eu perguntei qual era a vaga. Me disseram que era uma vaga administrativa, que não era a área que eu estava procurando, porque estudo comunicação. Eu percebi que nem leram meu currículo, queriam que eu ocupasse aquela vaga só para ocupar a cota, e não pela profissional que eu seria”, relatou Ana Clara

A situação narrada por Ana Clara demonstra um caso de capacitismo. O termo é usado para definir a discriminação contra pessoas com deficiência. O conceito está ligado a um sistema ou atitudes que sugerem que pessoas têm menos capacidades ou são inaptas por conta de suas deficiências.

Em entrevista ao portal da CUT, a coordenadora do Coletivo de Trabalhadores e Trabalhadoras com Deficiência da CUT-SP, Letícia Peres Françoso, criticou a postura do Governo Federal em relação à inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

“As leis existem, mas não são cumpridas. Vivemos num país de retrocessos com relação às políticas de pessoas com deficiência. Bolsonaro tem sido um governo que expressa isso, já que foram várias as suas tentativas de acabar com a Lei de Cotas para privilegiar empresas, excluindo todas as conquistas que tivemos", afirmou Letícia.

A coordenadora também chama atenção para a necessidade de um olhar empático em relação aos PCDs: “As pessoas com deficiência não querem privilégios nem exclusividade, o que queremos é inclusão. Sentimos falta de um olhar humano, as pessoas precisam se colocar no lugar das outras para entenderem o que vivemos”.

Confira, na íntegra, o episódio 34 do SindCast, sobre desafios das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.