BNDES vai identificar áreas prioritárias para “internet das coisas” no Brasil
A expectativa em torno da internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) é grande. Segundo projeções da consultoria McKinsey, a conexão do mundo físico com o mundo digital pode gerar US$ 11,1 trilhões por ano em 2025. Uma análise da GE e da Accenture sobre o tema mostrou que a internet industrial (associação da internet das coisas com análise de big data) pode trazer grandes oportunidades especialmente em áreas como aviação, extração de petróleo, transporte, geração e distribuição de energia, saúde, mineração e setor manufatureiro. Mas em quais dessas áreas o Brasil deveria concentrar suas apostas? Onde podemos ser mais competitivos?
Essas são algumas das questões que o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) pretende responder em breve. Em parceria com o Ministério das Comunicações, o órgão abriu uma chamada pública para a realização do mais abrangente estudo técnico sobre o potencial da internet das coisas no cenário nacional. O trabalho deverá contemplar a articulação entre empresas, poder público, universidades e centros de pesquisa, além de avaliar o estágio e as perspectivas de implantação da IoT no Brasil e no mundo. Essa análise servirá de base à elaboração de políticas públicas que potencializem o impacto das novas tecnologias. O objetivo do banco é ter um plano de ação com metas e estratégias para os próximos cinco anos (2017-2022).
“Como instrumento de Estado, a gente quer fazer uma política de longo prazo para aumentar a produtividade da economia brasileira”, afirma Irecê Fraga, chefe do departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação do BNDES, que detalha a proposta na entrevista a seguir.
Por que o BNDES decidiu encomendar esse estudo e quais as expectativas em relação a ele?
Irecê Fraga: A gente começou a perceber, por meio das demandas das empresas que apresentavam seus planos de investimento ao BNDES, que a internet das coisas tem um potencial muito grande. Buscando informações sobre o tema, encontramos diversas pesquisas internacionais, mas vimos que ainda não há estudos amplos sobre o potencial brasileiro. É um mercado crescente, que pode afetar a economia de forma positiva, e resolvemos financiar um estudo sobre nosso potencial tanto no uso dessa tecnologia como no desenvolvimento de tecnologias próprias. A gente quer um mapa sobre a demanda e a oferta futura e saber que ações de políticas públicas podem ser desenvolvidas.
Quais são os principais desafios associados ao desenvolvimento da IoT?
I.F.: A internet das coisas é o nome que se dá para a união de diversas tecnologias, algumas delas já maduras. Então, o grande desafio é como integrar de modo a gerar valor para determinado segmento. Outro desafio se refere à segurança das informações. Isso é algo que o mundo inteiro ainda tenta resolver, não só o Brasil.
Identifica alguma vantagem específica do Brasil nessa fase de mudança no paradigma do processo produtivo?
I.F.: Sim. Cada país, cidade ou empresa que quiser aumentar sua conectividade vai demandar soluções específicas para suas necessidades. As do nosso sistema de saúde são diferentes das necessidades do sistema de saúde europeu, por exemplo. Isso requer uma produção local desse conhecimento, que seja adequado àquela realidade.
As commodities respondem por grande parte da economia nacional. Como o desenvolvimento da IoT pode afetar a produção de grãos ou extração de minérios, por exemplo?
I.F.: Esses setores também serão afetados pela internet das coisas. Fala-se, por exemplo, da agricultura de precisão, que identifica, para cada solo e condição climática, as necessidades específicas de água e suplementos. Isso traz economia e produtividade. Já na extração de minérios, a gente tem visto equipamentos automatizados, guiados por GPS, e não por pessoas, o que aumenta a segurança.
Como avalia a posição do Brasil em relação a outros países, no que se refere ao desenvolvimento da IoT? Corremos o risco de “perder o bonde” e acabar importando soluções tecnológicas, em vez de desenvolvê-las?
I.F.: O termo bonde é muito bom, pois um bonde pode ter vários carros. Para alguns deles podemos estar mais atrasados, outros estão emergindo agora no mundo inteiro. Cabe a nós determinar em que vagão queremos entrar. O que não faz sentido é querer pegar o trem inteiro. É importante investir em segmentos específicos para que possamos nos tornar muito competitivos neles. A ideia do estudo é mapear esses subsegmentos, seus prós e contras, e estabelecer prioridades.
O que o BNDES oferece hoje para projetos ligados a IoT? Há planos para uma linha de financiamento específica?
I.F.: Hoje temos linhas de financiamento em pesquisa e desenvolvimento em geral, que não são específicas para internet das coisas, mas se mostram muito úteis para esse tipo de projeto. Para as empresas de menor porte, temos a MPME Inovadora, um programa que também é muito importante. Antes de desenvolver uma linha específica para IoT, vamos aproveitar o que já existe. Se percebermos que é necessário criar uma nova linha, faremos um estudo sobre isso.
Fonte: Época Negócios
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