Brasil testará tratamento com anticorpos de pacientes recuperados da covid-19
Os Hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês, em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), irão testar novo tratamento contra o coronavírus a partir de anticorpos de pessoas que já tiveram a covid-19. De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, o início da triagem com possíveis doadores começa nesta segunda-feira (6).
A técnica a ser testada utiliza o plasma, a parte líquida do sangue de pacientes que se recuperaram da doença, para aplicá-lo em doentes que apresentem um quadro grave da infecção. Nesta parte do material sanguíneo dos que foram curados estariam os anticorpos produzidos pelo organismo para minar a presença do vírus.
Na análise dos cientistas, o plasma, ao ser alocado nos doentes, poderia contribuir para uma recuperação mais rápida, auxiliando a criação de anticorpos necessários que levariam a “uma progressiva melhora dos sintomas e à diminuição do vírus no organismo”, como explica o diretor-superintendente de pesquisa do Einstein, Luiz Vicente Rizzo, ao Estadão. O protocolo já vem sendo adotado nos Estados Unidos e conseguiu autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) no último dia 3 de abril.
O que já se sabe
A pneumologista Margareth Dalcomo acrescenta, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, que agora o desafio dos cientistas é mostrar o funcionamento do novo patógeno, que ainda não se sabe se tem restrições. Os voluntários devem ser do sexo masculino, ter entre 18 a 60 anos, pesar mais de 55 quilos, ter testado positivo para a covid-19, mas com um quadro moderado da doença, e nunca ter tido hepatite B e C, doenças de Chagas, Aids ou sífilis.
“O que nós sabemos é que a transferência de plasma de pacientes curados ou convalescentes de doenças virais é uma técnica conhecida, foi usada contra a gripe espanhola há 100 anos, usada na epidemia de Sars – da síndrome respiratória aguda –, e é usada nas febres hemorrágicas com grande sucesso. Portanto, é uma arma perfeitamente lícita e defensável, com uma grande expectativa de que possa funcionar”, destaca a pneumologista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria.
A ciência brasileira, apesar de Bolsonaro
Na corrida para enfrentar o coronavírus, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) destacou que a comunidade brasileira tem produzido conhecimentos cruciais sobre a pandemia e alertou que, sem a ciência, o país não terá futuro.
Mesmo com cortes em pesquisa realizados pelo governo de Jair Bolsonaro – foram 11.811 bolsas de estudos cortadas nos primeiros oito meses de sua gestão e mais 5.613 apenas em setembro, de acordo com reportagem da RBA – os cientistas brasileiros vêm se esforçando na produção de respostas para lidar com a emergência sanitária.
Logo após o primeiro caso de coronavírus identificado no Brasil, um grupo de mulheres pesquisadoras da USP conseguiu decifrar e sequenciar todo o genoma do vírus em apenas 48 horas – um dos feitos mais rápidos do mundo. A instituição de ensino público é uma das que trabalha no desenvolvimento de uma vacina e de novos protocolos, assim como instituições como o Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Principal medida ainda é o isolamento
Margareth ainda destaca que enquanto a ciência se empenha no combate ao coronavírus, a sociedade civil deve fazer sua parte seguindo o isolamento social – que continua a ser a principal medida para frear o contágio com a doença. Por parte do poder público, a pneumologista afirma que já é hora da aplicação de testes em massa. “Quando nós tivermos 20% da população imunizada nesse sentido, que já desenvolveu anticorpos, nós podemos começar a pensar no controle da epidemia. É muito importante que hoje, neste mês de abril, o isolamento social seja rigorosamente respeitado”, alerta.
por Redação - Rede Brasil Atual
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