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Campinas é destaque em pedidos de patentes

31/05/2016

A inovação tecnológica é um dos pilares que deve nortear o crescimento econômico do País. E a região de Campinas é conhecida como área de ponta em geração de conhecimento e novas tecnologias. Não sem motivo: ranking divulgado nas últimas semanas pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) de pedidos de patentes de invenção (PI) sobre os depositantes residentes no Brasil aponta duas instituições de pesquisa e uma empresa da cidade entre os 30 primeiros lugares.

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) ocupou o terceiro posto (52 pedidos), subindo uma posição em relação a 2014. O CPqD ficou em 7º lugar (37 pedidos), caindo um posto. A instituição aparece ainda como a primeira em depositantes residentes de programa de computador (136 solicitações).

Do lado do setor privado, a Robert Bosch subiu cinco posições passando de 27º para 22º (17 pedidos).

O resultado poderia ter sido ainda melhor se a crise econômica não tivesse reduzido os recursos disponíveis para pesquisa de órgãos governamentais e também no orçamento das empresas.

As parcerias com a iniciativa privada e os financiamentos de instituições como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) são essenciais para impulsionar a pesquisa e desenvolvimento dentro de institutos de pesquisa e nas universidades.

O diretor-executivo da Agência de Inovação (Inova) da Unicamp, Milton Mori, afirmou que houve uma queda na quantidade de pedidos de patentes no ano passado em decorrência do corte de verbas da iniciativa privada e também dos financiamentos governamentais.

“A crise afetou o financiamento de pesquisa e desenvolvimento no Brasil”, disse, apontando que grandes financiadoras de pesquisas, como a Petrobras, cortaram verbas para projetos em 2015.

Mori comentou que os dados da agência mostram um total de 56 de pedidos, enquanto a lista do INPI aponta 52. “Essa diferença acontece porque não são contabilizados os projetos feitos em parceria com empresas e outros institutos”, afirmou. No ranking do INPI, o total de 2015 foi de 52 pedidos e no ano anterior tinha sido de 62 - uma queda foi de 16,12%.

A Unicamp ainda aparece na 12ª posição no ranking dos depositantes residentes de programa de computador, com 12 solicitações. O diretor-executivo salientou que a Inova busca por novas parcerias para alavancar os projetos de pesquisa.

“Nossa função é fazer a ponte entre a universidade e interessados em parcerias na área de inovação. Também auxiliamos os pesquisadores em viabilizar a chegada das inovações no mercado. Dessa forma, estamos mais criteriosos com os pedidos de patentes e projetos. O trabalho tem que provar que terá viabilidade para chegar ao mercado”, ressaltou.

Mori disse que muitos projetos criados na Unicamp foram licenciados e trazem recursos para a universidade. Ele comentou que um terço dos pedidos de patentes saem da área de química e outros 22% são da área de saúde.

“Também temos uma grande parcela de projetos na área de inovação tecnológica em comunicação”. Ele disse que no ano passado a universidade conseguiu um recorde de patentes concedidas: 25. De acordo com ele, o tempo médio para que o INPI conceda uma patente é de 12 anos - “um tempo muito longo”.

Tecnologia da Informação

Especializado na área de tecnologia da Informação, o CPqD ficou na 7ª colocação no ranking. Em 2015, a organização fez o depósito de 37 pedidos contra 43 solicitações do ano de 2014.

“Tivemos 44 projetos com pedidos de patentes no ano passado. Mas parte deles foi elaborado com parceiros e não foi computada para o CPqD e, sim, para eles”, explicou a gerente de Gestão e Conhecimento, Maria Fernanda Simonetti Ribeiro de Castilhos.

Ela salientou que a entidade atende a demanda externa do governo e da iniciativa privada. “Os projetos trazem inovações. A patente é importante para garantir segurança jurídica”, comentou. Maria Fernanda afirmou que as inovações podem chegar ao mercado por meio de transferência de tecnologia e também embutidas em produtos e soluções.

A gerente destacou que o CPqD apareceu em primeiro lugar no ranking dos depositantes residentes de programa de computador. “O registro do software não é obrigatório, mas recomendável. O registro prova a autoria e a data de criação. O registro de softwares entra na categoria de direitos autorais, enquanto o pedido de patente está dentro da propriedade industrial”, explicou.

Bosch

A Robert Bosch encerrou 2015 com 17 pedidos de patentes de invenção, contra 14 no ano anterior.

O INPI informou que o prazo médio de concessão de patentes é de 11 anos. De acordo com o órgão, para reduzir o tempo que estão sendo adotadas medidas como a “criação de uma força-tarefa para auxiliar na redução do estoque de exames de admissibilidade via Tratado de Cooperação em Matéria de Patente (PCT, na sigla em inglês). Também estão sendo otimizados e revisados os procedimentos de exame para aumento de produtividade, além da implantação de projetos-piloto de exame nas regionais do INPI em outros estados do País e do trabalho em casa (home office)”.

O órgão informou ainda que o aumento do número de examinadores é prioridade. Segundo o órgão, foi realizado um concurso para 100 pesquisadores (examinadores de patentes) em 2014. Desse total, 70 pesquisadores foram nomeados recentemente. Mas o órgão alertou que seriam necessários outros concursos para aumentar a capacidade de análise.

Ranking do INPI de pedidos de patentes de invenção em 2015

1 - Whirpool - 90 pedidos
2 - Universidade Federal de Minas Gerais - 56 pedidos
3- Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - 52 pedidos
4 - Universidade Federal do Paraná - 50 pedidos
5 - Petrobras - 48 pedidos
6 - Universidade de São Paulo (USP) - 44 pedidos
7 - CPqD - 37 pedidos
8 - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita (Unesp) - 33 pedidos
9 - Vale S.A. - 32 pedidos
10 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - 32 pedidos
22 - Robert Bosch (Campinas) - 17 pedidos

Fonte: Correio Popular/INPI