Campinas na rota das Redes Ópticas
O Governo Federal, em parceria com institutos de pesquisa, vem realizado significativos investimentos nas chamadas Redes Ópticas. Essas redes são estruturas de fibra óptica que permitem conexões de alta velocidade entre diferentes centros tecnológicos. Por ser um importante polo tecnológico nacional, Campinas possui uma importante participação no aprimoramento dessas tecnologias e mantém-se sempre na rota dos projetos de desenvolvimento de redes.
Uma nova etapa de investimentos nesse setor ocorreu neste ano, quando foi inaugurada em Campinas a Redecomep. A estrutura possui 80 km de extensão, oferece uma velocidade de conexão de pelo menos 1 Gb/s e interligará 13 instituições de ensino e pesquisa, como Unicamp, CNPEM, CTI , CPqD e também a Prefeitura Municipal.
Devido ao seu anúncio entusiasmado e perfil inovador, a Redecomep aparenta ser um marco inicial nos investimentos em estruturas ópticas. Entretanto, outro projeto semelhante foi desenvolvido no Brasil entre os anos de 2003 e 2014. Trata-se do Projeto GIGA, que foi coordenado e executado pelo CPqD, em parceria com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).
O Projeto teve como objetivo a implementação e o uso de uma rede óptica experimental voltada para o desenvolvimento de tecnologias, aplicações e serviços de telecomunicação associados à banda larga. Seu andamento foi dividido em duas partes: a primeira durou de 2003 a 2007 e a segunda, de 2009 a junho de 2014.
Apesar da nova era de investimentos em Redes Ópticas que teve início no país, o Projeto GIGA teve o seu fim decretado no ano passado. De acordo com informações da Assessoria de Imprensa do CPqD, o projeto acabou porque desde o seu início possuía metas e prazos de duração estabelecidos, para todas as fases, e todos eles foram cumpridos.
Resultados
Considerando que o projeto teve todas as suas metas cumpridas, espera-se que seus resultados tenham sido igualmente bem sucedidos. O Ex-coordenador do projeto, Alberto Paradisi, garante que os resultados obtidos foram significativos: “Várias tecnologias foram desenvolvidas e transferidas à indústria nacional no decorrer do projeto, como o sistema CWDM metropolitano, diversos tipos de amplificadores ópticos, analisador de canais ópticos, sistema de longa distância de 16 canais WDM, só para citar alguns exemplos”.
Ao ser questionado sobre o legado do Projeto GIGA, Alberto Paradisi avalia que o principal benefício deixado foi a possibilidade de experimentação de novas tecnologias e aplicações de redes. “Por meio dessa rede de altíssima velocidade, pesquisadores e desenvolvedores participantes puderam experimentar e validar as tecnologias, protocolos, serviços e aplicações de redes em condições mais próximas das enfrentadas pelas empresas operadoras e provedoras de serviços. Trata-se de um laboratório para aplicações que demandem maior capacidade de tráfego, flexibilidade, qualidade de transmissão em tempo real e diversificação de serviços”; analisa Paradisi.
O funcionário do CPqD e ex-integrante do processo de implantação e gerenciamento da Rede GIGA, Adelino Cabral, apresenta críticas em relação ao uso da rede como laboratório. Segundo Cabral, a rede desenvolvida no projeto acabou não sendo utilizada para a realização de experimentos: “A maior dificuldade foi que a Rede GIGA deveria ser o laboratório para diversas aplicações que demandassem largura de banda ‘infinita’, uma vez que a rede possuía uma disponibilidade de banda não encontrada em redes da época. Entretanto as instituições de pesquisa ligadas pela Rede GIGA fizeram aproximadamente uma dezena desses experimentos. A rede acabou sendo utilizada como alternativa as redes existentes”; afirma.
Financiamento
A obtenção dos resultados destacados por Alberto Paradisi exigiu um investimento na mesma proporção dos objetivos do Projeto GIGA. Segundo o CPqD, os recursos financeiros utilizados foram oriundos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (FUNTTEL) e do Ministério das Comunicações. Ao todo foram investidos R$ 70,5 milhões no projeto, sendo que R$ 45 milhões foram aplicados durante sua primeira fase e R$ 25,5 milhões foram gastos na segunda. A administração dos recursos financeiros ficou por conta da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
De acordo com a direção do FUNTTEL, o financiamento do projeto foi realizado na modalidade Não Reembolsável. Essa categoria não exige pagamento futuro e é utilizada em concessões de recursos destinados a instituições públicas ou organizações privadas sem fins lucrativos que realizam projetos de pesquisa científica, tecnológica ou de inovação.
Na visão do FUNTTEL, o financiamento do projeto trouxe resultados positivos para o setor tecnológico nacional. É o que garante o Diretor do fundo, José Gontijo, que ressalta a parceria com a indústria como principal conquista do projeto. “Quanto aos resultados dos projetos GIGA, além da grande contribuição para a produção técnico-científica do país em tecnologias ópticas, destaca-se a parceria com indústria, em especial a empresa Padtec, por meio da transferência de tecnologia e geração de novos produtos”; analisa Gontijo.
Mesmo com as semelhanças nos objetivos do Projeto Giga e da Redecomep e o fato de ambos terem a participação da RNP, o CPqD afirma que não existe nenhuma ligação entre os dois. A grande vantagem da Redecomep em relação ao Projeto Giga é a possibilidade de utilização de serviços avançados de comunicação com custos reduzidos, devido a isso a expectativa é que a nova rede siga inovando no setor óptico e consiga resultados ainda melhores que o GIGA.
por Ricardo Andrade
Comunicação SINTPq
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