Notícias | Em protesto, movimento contra criminalização das rádios comunitárias paga multa de R$ 3 mil com moedas

Em protesto, movimento contra criminalização das rádios comunitárias paga multa de R$ 3 mil com moedas

02/07/2015

Diferentes movimentos sociais de Campinas realizaram ontem um ato inusitado junto ao radialista e ativista Jerry de Oliveira. Em um protesto simbólico, realizado em frente ao Fórum da Justiça Federal, Oliveira efetuou o pagamento de uma multa de R$ 3.100 em moedas. O radialista milita em defesa das rádios comunitárias e foi condenado em novembro de 2014 a pagar o montante em favor de dois agentes da Anatel, “vítimas” de suposta ameaça e difamação.

A postura injusta do poder judiciário e mais uma vez alinhada com os segmentos mais poderosos da sociedade uniu ainda mais o movimento em defesa das rádios comunitárias. Com isso, o companheiro de luta Jerry de Oliveira transformou os limões em limonada e iniciou uma campanha por meio das redes sociais e de rádios comunitárias de todo país. O resultado foi positivo, em três meses a quantia já havia sido arrecadada com colaborações de todo o país.

Durante o ato, iniciado por volta das 14h, palavras de ordem foram escritas no chão em frente à Justiça Federal com as moedas arrecadadas. Além disso, faixas e discursos em defesa da democratização da mídia fizeram parte do protesto. Após isso, o pagamento foi efetuado com moedas de R$ 0,05 e R$ 0,10 na agência da Caixa localizada ao lado da Justiça Federal. Cerca de 120 pessoas estiveram presentes na mobilização.

Oliveira considera que o protesto foi uma maneira de enfrentar a postura reacionária do judiciário em relação às rádios comunitárias. “O ato representa o descontentamento das rádios comunitárias com o poder judiciário, que vem se mostrando conservador em relação a essa questão. É preciso enfrentar o judiciário”, explica o radialista.

Aprofundar o debate sobre a democratização da mídia também foi um dos objetivos de Jerry de Oliveira durante o ato. Segundo ele, uma mídia democrática não se limita a pluralidade de discursos. “Democratizar não significa só garantir mais vozes. Significa integrar a sociedade aos meios de comunicação. Fazer com que ela também participe e tenha acesso à riqueza produzida por eles. Para isso é necessário acabar com a propriedade privada dos veículos midiáticos”, analisa Oliveira.

O papel do SINTPq na luta em prol de uma comunicação verdadeiramente democrática também foi um fator ressaltado pelo radialista: “O SINTPq teve uma importante participação no nosso movimento pela democratização da mídia e pelas rádios comunitárias, nos ajudou a formular muita coisa. O sindicato contribuiu com a capacitação técnica dos profissionais envolvidos com as rádios e também no debate político junto às instituições governamentais”.

O SINTPq esteve presente no ato, sendo representado pelo diretor Paulo Porsani, que ressaltou o significado do ato em meio aos movimentos envolvidos: “A solidariedade e a luta pela democratização dos meios de comunicação se fortaleceram com esse movimento”.

Comunicação SINTPq