Entenda o que está acontecendo na GM; atitude da empresa pode virar tendência no mercado
Nas últimas semanas, a General Motors iniciou um plano de reestruturação global da empresa, que pretende fechar sete plantas em todo mundo, rebaixar as condições de trabalho e pressionar governos, exigindo isenções fiscais. Esse processo também foi iniciado no Brasil e está sendo negociado com os sindicatos dos metalúrgicos, nas respectivas cidades que sediam fábricas da montadora. Ao todo, são cinco plantas no país, localizadas em São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes, em território paulista, e Joinville (SC) e Gravataí (RS).
Para os trabalhadores de São José dos Campos, a GM apresentou uma proposta com 28 pontos de redução de direitos, como aumento da jornada de trabalho de 40 para 44 horas semanais, banco de horas, redução o piso salarial de R$ 2.300,00 para R$ 1.600,00, terceirização irrestrita de todos os setores da empresa e fim do transporte fretado.
Na avaliação do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Weller Pereira Gonçalves, a situação vivenciada na GM é conjuntural, pois acompanha uma onda de retrocessos recentes, como a aprovação da reforma trabalhista e da terceirização ilimitada. Além da questão trabalhista, Gonçalves comenta as investidas da empresa contra o poder público, atitude que poderá fazer os brasileiros pagarem mais uma vez as contas do setor privado.
“A GM já pressionou a prefeitura de São José dos Campos, que falou que dará tudo que ela quiser. Vimos os anúncios do Henrique Meireles, junto com o João Doria, dizendo que dará incentivos fiscais. O governo Bolsonaro, em um primeiro momento, falou que não daria nada e ‘se a GM quiser fechar, que feche’. Mas sabemos que não é bem assim, pois, nos últimos 10 anos, o governo deu R$ 35 bilhões de isenção fiscal para as montadoras”, afirma o metalúrgico.
Os diretores da companhia alegam retorno financeiro ruim em suas ameaças de deixar o Brasil. Entretanto, a GM figura no topo dos rankings de vendas no país. Segundo o presidente do sindicato, a empresa é líder de mercado no Mercosul, mas usa como estratégia apresentar apenas seu balanço global, não discriminando os resultados por plantas e países.
“Ano passado, a GM de São José dos Campos produziu quase 55 mil carros, modelos S10 e TrailBlazer, vendidos por mais de R$ 100 mil cada. Dizer que não tem lucro é um absurdo. O que a GM está fazendo é uma chantagem, é um terrorismo para cima do trabalhador”, destaca Gonçalves.
A reação dos sindicatos e dos trabalhadores tem sido de enfrentamento. Nesta sexta-feira, dia 1º de fevereiro, foram realizadas paralisações nas fábricas de São Caetano do Sul, São José dos Campos e Gravataí (RS). Também nesta sexta-feira, o Movimento Brasil Metalúrgico realizou sua primeira reunião em 2019. O encontro, no Sindicato dos Metalúrgicos de SP, debateu um plano de ação comum. Os integrantes do movimento alertam que, caso obtenha sucesso, a postura da GM se tornará tendência e empresas de diferentes setores passarão a exigir redução de direitos e isenções tributárias.
por Ricardo Andrade
Redação SINTPq
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