II Encontro do Observatório reúne 80 pessoas em discussão sobre cidades digitais
análise em profundidade dos desafios e das oportunidades da TI no desenvolvimento de cidades digitais brasileiras foi o tema escolhido para nortear o primeiro dia do II Encontro do Observatório Softex, evento promovido pela Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), em Campinas (SP), nesta quinta-feira (31). Com palestras proferidas por especialistas na área, o evento reuniu aproximadamente 80 pessoas.
Em sua mesa de abertura, o encontro contou com a presença do presidente da Softex, Ruben Delgado; Marcelo Oliveira, assessor técnico da Secretaria de Política de Informática (Sepin) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Fábio Pagani, presidente da Informática de Municípios Associados S/A (IMA), representando também o prefeito de Campinas; José Henrique Damiani, diretor do Planejamento Estratégico e Informações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia de São José dos Campos; Samuel Ribeiro Rossini, secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo da Prefeitura de Campinas; Irecê Kauss, chefe do Departamento de TIC do BNDES; e Claudia Mouro do Sebrae-Campinas, que representou a presidência do Sebrae-SP. Na ocasião, André Von Zuben, vereador e presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara Municipal de Campinas, que também compôs a mesa, anunciou que o Núcleo Softex Campinas irá integrar o Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia da cidade.
O urbanista e arquiteto Carlos Leite, que possui cerca de 15 anos de estudos em cidades digitais, abriu a programação de palestras. Em sua apresentação, Leite afirmou que a chegada da Tecnologia da Informação e Comunicação no ambiente urbano é inevitável, poderosa e gera inúmeros negócios. “A urbanidade agrega valor e um pacote de tecnologias controlando toda a complexidade urbana é muito bem-vindo, pois com ele as cidades tornam-se eficientes”. Ele executa, há dois anos e meio, um trabalho na favela paulistana de Heliópolis, cuja população é de 100 mil habitantes distribuídos em um espaço de um milhão de metros quadrados. Segundo Leite, a periferia registrou mudanças de ganhos sociais nos últimos anos com a chegada de ONGs, do microempreendedorismo e a mudança notável no perfil de sua população.
Em sua apresentação, o prefeito de Aparecida, Márcio de Siqueira, detalhou a parceria firmada entre o município, que conta com 37.900 habitantes, e a empresa EDP, para colocar na prática o conceito de “Cidade Inteligente” do ponto de vista energético. As ações permitiram reduzir os gastos públicos e dos cidadãos com energia, a partir da conscientização da comunidade e de ações diretas como distribuição de lâmpadas mais eficientes e de menor consumo e de kits de chuveiros híbridos, que também usam energia solar. “Não se pode dissociar os investimentos que realizamos em TI da pessoa, do cidadão”, comentou, acrescentando que o objetivo final deve ser sempre melhorar a qualidade de vida da comunidade.
Na sequência, Jamile Sabatini, diretora de Inovação e Fomento da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), chamou a atenção para o fato de que, se, em 2007, 50% da população estavam nas cidades, em 2050 este número subirá para 75%, o que obrigará os centros urbanos a repensarem seus modelos de planejamento. “As prioridades passam a ser melhoria dos serviços públicos e o desenvolvimento sustentável, e o modelo atual, centrado no carro, deve dar lugar a outro, tendo como foco as pessoas”.
Após José Vidal Bellinetti, diretor do ITS, ter analisado o tema “Cidades Inteligentes: muito além das aplicações”, Ivan Boscariol, do Instituto Tellus, falou sobre a importância do uso da internet como instrumento complementar na formulação de políticas públicas. Ele apresentou a e-Você, uma plataforma online que reúne propostas da população para contribuir com o desenvolvimento da cidade de Campinas. Baseada em inovação aberta, a plataforma possibilita que os cidadãos participem do Governo de forma online, dividindo suas ideias e contribuindo para a resolução de um desafio. O primeiro desafio lançado na plataforma foi ligado à saúde pública, e registrou 94 mil acessos e 113 propostas.
A programação da tarde foi aberta com Fabio Pagani, da Informática de Municípios Associados S/A , lembrou que o aumento continuo da densidade populacional dos grandes centros urbanos complica a tarefa de ajustar a infraestrutura das cidades que crescem desordenadamente. Entre os desafios que devem ser enfrentados por esta cidade, que é o sétimo PIB do país, Fabio citou a criação de uma cultura colaborativa; adoção de medidas para desafogar os grandes centros; captar e entregar informações locais e cidades que compõem uma região, dando o exemplo de um carro que é roubado em uma cidade e encontrado em outra. Outros desafios citados foram dar transparência às ações do Governo, modernizar a gestão pública, capacitar o cidadão e cuidar da sustentabilidade das cidades digitais, gerando soluções viáveis e criativas. Finalizando, ele lembrou a necessidade de criar processos e políticas publicas adequadas, fazendo a cidade acessível a todos, otimizando recursos, como energia, água, tempo e dinheiro.
A Identificação por Radiofrequência (RFID) e suas aplicações no contexto de cidades inteligentes foi o tema abordado por Manoel Barbin, sócio diretor da TIC em Foco. De acordo com ele, esta tecnologia não tem seu uso disseminado no país, pois, embora o custo das tags seja acessível, o valor dos leitores são altos, exigindo um grande investimento e dificultando sua implantação em micro e pequenas empresas. Atualmente, no País, o RFID é aplicado em fábricas, pedágios, segurança, pecuária e transportes. Em seguida, Fernando Nery, da Módulo Solutions, abordou soluções para cidades digitais, destacando o que é feito em termos de grandes eventos, como a visita do Papa ao Rio de Janeiro e o planejamento para a realização da Copa do Mundo de Futebol no país. “A discussão hoje é como a tecnologia pode melhorar a vida na cidade”, resumiu.
Em sua participação, Carlos Fress, especialista em projetos de TIC da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), conduziu a palestra “Estratégias governamental para cidades inteligentes”. Em sua visão, cidades inteligentes agregam TIC e há um mercado atrativo nesse aspecto com muitas empresas investindo nele. Além de abordar questões relacionadas à área de energia e redes elétricas, Fress apresentou o projeto nacional Siniavi, que permite a identificação de veículos através de um chip em todo o território brasileiro, possibilitando aos órgãos de trânsito fiscalizarem a frota nacional com o objetivo de evitar roubo e furto de veículos e cargas, controlar o tráfego e controlar a velocidade média, entre outras ações.
O primeiro dia do II Encontro do Observatório Softex foi marcado pela assinatura de um acordo de intenções voltado à integração de esforços para o desenvolvimento e o acompanhamento de um projeto-piloto de implantação de Cidade Digital em um município da região de Campinas. O acordo foi firmado pela Associação para Promoção da Excelência do Software (Softex); o Núcleo Softex Campinas e o Cecompi (Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista), instituição que abriga o Cluster TICVALE, de São José dos Campos. O acordo tem por objetivo transformar esse projeto-piloto em um modelo de referência em nível nacional em três aspectos: realização de ações conjuntas entre instituições públicas e privadas; colaboração no desenvolvimento e oferta de soluções por empresas brasileiras de diferentes portes; e monitoramento das ações realizadas e mensuração dos impactos alcançados para o município e para os participantes.
Fonte: Softex
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