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Instituto de Pesquisas Tecnológicas:113 anos construídos por profissionais

22/06/2012

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Pensar em pesquisa e tecnologia é pensar em futuro, em algo abstrato, intangível; mas se olharmos para o ‘agora’ podemos materializar os frutos de milhares de trabalhadores dos institutos de pesquisa que se dedicam a inovar. Na base do SINTPq temos um dos institutos referência no País, o IPT e  as vésperas de completar 113 anos, no dia 24 de junho, podemos solidificar seu trabalho em diversas áreas e regiões do Brasil.

Por exemplo, na construção de Brasília, com o estudo geológico de sua área; no edifício Martinelli (SP), primeiro arranha céu do País; na ponte Pênsil Alves Lima (PR); na indústria naval; no apoio ao Pré-sal junto à Petrobras; em desenvolvimento de peças para aviões da Embraer; e em imensuráveis colaborações junto à iniciativa privada e projetos públicos.  

Todos estes resultados são o motivo da comemoração de seus pesquisadores, técnicos, auxiliares e equipe de apoio, verdadeiros autores das obras. “O conhecimento e a inovação só acontecem porque existem trabalhadores dedicados. Seu maior patrimônio e motor que impulsiona o instituto desde sua fundação, são as pessoas que aqui atuam com suas ideias, com seus ideais e em suas lutas. O nosso parabéns vai para todos que estão e estiveram diariamente no IPT construindo essa história de sucesso” enfatiza o presidente eleito do SINTPq, Régis Carvalho, que é também funcionário do instituto.

O IPT e seus profissionais são patrimônio do Povo Paulista e para dizer o significado de participar de uma instituição que influenciou o estado, o País e a sociedade, ouvimos alguns profissionais sobre temas atuais diretamente ligados ao IPT. Acompanhe as respostas. 

 

SINTPq: O IPT tem como foco para os próximos anos a nanobiotecnologia, a microscopia eletrônica, os novos materiais e a bioenergia. Os profissionais do IPT entendem que este foco dá conta da amplitude da missão estatutária do IPT? 

Ros Mari Zenha: O IPT, em função das conjunturas econômicas, sociais e políticas do Estado de São Paulo e do País, priorizou diferentes focos ao longo de sua história; e promover a inovação tecnológica, além de intensificar a aplicação do conhecimento da academia e instituições públicas de pesquisa no setor produtivo (público e privado), é um dos desafios da sociedade contemporânea. 

Ao longo de seus 113 anos, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia do ESP, à qual se vincula, o Instituto teve papel destacado no apoio ao setor produtivo tanto do Estado de São Paulo quanto do País.  E quando falamos em setor produtivo privado, incluímos o apoio tecnológico às micro, pequenas e médias empresas. 

Essa é uma das vertentes da missão estatutária do Instituto. Mas não é a única. Os projetos desenvolvidos pela IPT têm subsidiado a concepção, implementação e avaliação de políticas públicas em diferentes áreas (habitação e ambiente urbano, meio ambiente, infraestrutura, saúde dentre outros). Hoje, nos países mais avançados, o conhecimento científico e tecnológico é condição fundamental na formatação de qualquer política pública. 

E não podemos deixar de citar a importância da docência na missão do IPT, concretizada por meio de seus Mestrados Profissionais. Investir no desenvolvimento de conhecimento e tecnologia em novas áreas é missão do IPT e, para tal, o Instituto precisa ele próprio de investimentos e, principalmente, de recursos orçamentários regulares previsíveis, com autonomia administrativa, para garantir a manutenção de suas competências e a sustentabilidade no cumprimento de sua missão.

 

SINTPqAs tecnologias desenvolvidas no IPT fazem parte da história do País: cite exemplos da contribuição do IPT na sua área de atuação? 

Omar Yazbek Bitar: Uma das principais contribuições do IPT ao longo de sua história está no desenvolvimento da cartografia geotécnica, ferramenta hoje essencial para orientar as ações de planejamento e gestão das cidades. 

Desde o final da década de 70, quando o Instituto elaborou a primeira carta geotécnica de áreas urbanas no País, na região dos morros de Santos e São Vicente - SP, centenas de cartas já foram realizadas, em várias partes do território nacional. E não só pelo IPT, mas também por outras instituições e universidades, que passaram a atuar e contribuir no aprimoramento contínuo dessa tecnologia. 

O processo atingiu seu auge recentemente, com a aprovação da Lei Federal 12.608, editada em abril deste ano, que torna obrigatória a elaboração de cartas geotécnicas em municípios sujeitos a deslizamentos, inundações e outros fenômenos associados ao meio físico. Sem dúvida, trata-se de um fato extremamente relevante para a segurança das pessoas e o IPT teve papel fundamental para chegarmos a este momento.

 

SINTPq: De que forma a sociedade e o Governo do Estado de São Paulo reconhecem e retribuem a contribuição dos profissionais para o desenvolvimento do Estado de São Paulo e do País? 

Ros Mari Zenha: Cada vez mais os governos têm buscado medir o impacto do conhecimento gerado pelas pesquisas que patrocinam, para isso a academia e as instituições públicas de pesquisa vêm prestando contas de suas ações. São 113 anos em que o IPT e suas equipes técnicas têm mantido intacta sua credibilidade e idoneidade e creio que isso é reconhecido tanto pelos governos quanto pela sociedade civil. 

Contudo, é necessário maior aporte de recursos pelo Governo do Estado de São Paulo para o custeio da instituição, em especial para a manutenção e ampliação de suas equipes. Sem dúvida, estas são o principal patrimônio do IPT e devem contar com justa remuneração e benefícios (a exemplo da aposentadoria complementar) que permitam aos jovens pesquisadores se manterem nos quadros da Instituição.

Além disso, devemos sensibilizar o GESP para alterar a relação que mantemos entre dotação orçamentária e recursos próprios. Penso que o ideal é a proporção de 50% de cada fonte (a cada real que o IPT obtiver com a venda de projetos, o GESP aporta outro real para garantir a sustentação financeira). Entendendo assim, que os recursos para custeio do IPT são investimentos e não despesas.

Arquivo Pessoal:Vagner Tadeu

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 Profissionais dentro do IPT na década de 60

ARTIGO: IPT

Nação, empresas, sociedade e profissionais: públicos diferentes, diferentes tratamentos

Em uma sociedade medida por resultados financeiros, como mensurar a construção do conhecimento, a ferramenta mais importante para atingir, justamente, estes resultados? O Brasil, como todos sabem, ainda tem sua economia predominantemente exportadora, produto no cenário global que possuí menor valor agregado. Este quadro só pode ser revertido por meio de políticas públicas que gerem inovação. 

A tendência atual dos governos no mundo é só aceitar contratos com empresas que transfiram a tecnologia para o território e não que apenas se apropriem da mão de obra. Com isso, conseguem se apropriam do conhecimento dos locais de origens dessas empresas. A postura é positiva para o desenvolvimento, mas não basta para que estes países passem a produzir tecnologia.

O IPT tem a missão de descobrir antes, de inovar, de gerar tecnologia que se reverta em bem social, missão cumprida até agora, mas sem certeza de continuar. A ferramenta, única possível, são os profissionais, os mesmos que ficaram por décadas sem reajusta real, conseguindo 1,5% em 2011 após uma dura negociação entre SINTPq e direção/Governo do Estado que durou meses.

[imagefield_assist|fid=2024|preset=ifa_200|title=|desc=|link=none|align=left|width=200|height=130]E nas vésperas de seu aniversário, a direção demite profissionais. A prática de desligar trabalhadores referências em suas áreas de atuação é justificada como um mero ‘ajuste financeiro’, se esquecendo de que para o crescimento econômico é necessário inovação. Sem dúvida, um suicídio institucional que vai repercutir em médio prazo com prejuízo em toda a sociedade do Brasil.