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Opinião: A ocupação do prédio da Oi, no Rio, e a privatização do Sistema Telebrás

16/04/2014

ue tem a ver a ocupação do prédio da Oi, no Rio de Janeiro, com a privatização das telecomunicações? Tudo.  O abandono do prédio, construído com recursos públicos, simboliza bem o desleixo de uma empresa que não tem compromisso com os serviços oferecidos, com seus empregados, com os usuários e, muito menos, com a enorme população carente que a cerca. Se a Oi tivesse responsabilidade, há muito tempo teria dado uma função social ao prédio, apenas um dos muitos que permanecem abandonados na cidade do Rio.  A Oi ganhou, e perdemos todos.

Perdeu!  A sociedade, que com a privatização do Sistema Telebrás viu o patrimônio público de 26 estados brasileiros onde a Oi é concessionária dos serviços de telecom, ser entregue para a construtora Andrade Gutierrez e o empresário Carlos Jeiressati.

Perdeu! O Estado, com uma agência reguladora (Anatel), que não fiscaliza corretamente a empresa e deixa um bem público (reversível em 2025 com o final da concessão) ser tratado de forma leviana. No enorme complexo que engloba vários prédios no Jacaré, havia apenas um segurança.

Perdeu! O trabalhador em telecomunicações que, na época da privatização, foi demitido em massa. Muitos caíram em depressão profunda, muitos morreram por verem suas vidas destruídas depois de anos de dedicação. Uma história que ainda está para ser aprofundada e contada em detalhes.

Perdeu! A sociedade, enganada pelos “donos”  da Oi, que prometeram criar uma grande  operadora nacional, uma parceira do Estado no caminho da universalização da banda larga.

Perdeu! A qualidade do serviço, alvo de milhares de reclamações.

Perdeu! A memória afetiva de centenas de empregados e ex-empregados que trabalharam ou fizeram cursos de aperfeiçoamento profissional no complexo da 2 de maio, Jacaré, e hoje veem com tristeza o que sobrou depois de 16 anos de privatização.

Perdeu! O cidadão, que vê os orelhões, patrimônio público, sujos, sucateados, sem sinal e sem serviço. Que tem uma banda larga lenta e cara. Que tem um celular caro e com péssima cobertura.

Para o Instituto Telecom, a ocupação do prédio da Oi é apenas a ponta do iceberg, a parte mais visível da privatização, de um modelo que foi totalmente danoso para o país. A ocupação mostra a necessidade de se discutir urgentemente o destino do patrimônio público que deverá voltar às mãos do Estado apenas em 2025.

A ocupação representa também mais uma oportunidade para colocar em discussão um novo modelo para as telecomunicações brasileiras. Um modelo que leve em conta o desenvolvimento do país, a construção de uma empresa realmente nacional que invista em pesquisa, em política industrial, tenha tarifas adequadas a nossa sociedade e serviços de  qualidade.  Uma empresa que invista no povo brasileiro. Que até agora foi o único que perdeu.

Fonte: Instituto Telecom