Notícias | Pesquisadores de Campinas desenvolvem sensor capaz de detectar combustíveis adulterados

Pesquisadores de Campinas desenvolvem sensor capaz de detectar combustíveis adulterados

22/05/2015

Os motoristas brasileiros estão sempre sujeitos ao risco de abastecer o carro com gasolina adulterada. Preços convidativos costumam ser a isca para essa armadilha que pode causar danos, muitas vezes irreversíveis, nos motores dos veículos. De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), 31 postos de gasolina foram interditados no estado de São Paulo durante o ano de 2014 por venderem combustível "batizado". Desse total de postos fechados pela ANP, três deles estão localizados em Campinas.

A situação é preocupante, mas se depender de um grupo de pesquisadores de Campinas os condutores poderão ficar mais tranquilos em breve. A equipe formada por três engenheiros e um designer de produtos criou um sensor óptico capaz de verificar instantaneamente se o combustível é "batizado". A ideia e o projeto surgiram ainda na universidade (Unicamp), mas a equipe continuou o trabalho e almeja inseri-lo no mercado automotivo. Quando o aparelho estiver disponível, poderá ser instalado em todos os carros e utilizado por qualquer motorista.

O engenheiro mecânico Thierry Marcondes é um dos integrantes da equipe. Com apenas 27 anos de idade, o jovem pesquisador se destaca no desenvolvimento de tecnologias óptico eletrônicas. Marcondes explica que o sistema lança feixes luminosos sobre o combustível e através dos índices de refração gerados consegue avaliar a composição do líquido.

“O meu produto analisa a gasolina por meio do sistema óptico eletrônico que verifica a composição dos solutos e dos solventes. Com isso, eu posso tirar algumas informações através do índice de refração, como densidade e composição. Assim ele se torna um medidor da qualidade da gasolina, podendo verificar se a mesma está "batizada" ou não e se está fora de padrão”, descreve o engenheiro.

Marcondes também destaca as possibilidades que o mercado brasileiro pode oferecer para seu produto. Segundo ele, as constantes misturas de combustíveis geradas nos tanques de carros Flex também podem gerar uma demanda para o sensor óptico: “O fato de usarmos o sistema de carros flex, e com isso causar frequentes misturas entre diferentes combustíveis no tanque, exige um controle sobre a composição do combustível para melhorar a eficiência energética do carro e para evitar qualquer tipo de fraude. Então eu vejo que meu produto possui esses dois valores e isso tem gerado reconhecimento”, avalia.

Desenvolvimento

O projeto começou em maio de 2012, quando o grupo se inscreveu no "Desafio Unicamp" daquele ano, que seria uma competição universitária de pesquisa. A equipe desenvolveu o sistema para competir no desafio e conseguiu vencê-lo, faturando assim um prêmio de R$ 12 mil, que foi dividido igualmente entre os integrantes. Thierry Marcondes e o seu companheiro de equipe Wellington Souza, formado em Engenharia Elétrica, decidiram investir sua parte da premiação no desenvolvimento do projeto.

Os pesquisadores agora estão em busca de investidores para o projeto. Negociações com grandes empresas do setor automotivo estão em andamento e a expectativa da equipe é que o sensor possa estar disponível no mercado em breve.

Competição no exterior

Em 2013, o projeto ficou em terceiro lugar na etapa latino americana do Desafio Intel, uma importante competição que reúne pesquisadores de diferentes países. Com o resultado, a equipe de Thierry Marcondes se classificou para a final, realizada nos Estados Unidos, no estado da Califórnia. O sistema disputou o prêmio com outros trinta projetos e conseguiu ficar na oitava colocação.

O prêmio não veio, mas a experiência serviu de aprendizado para os integrantes. É o que garante o físico e ex-integrante da equipe, Welder Alvez, que participou da competição ainda como membro do grupo de pesquisadores. “Foi uma experiência riquíssima poder trocar informações, conhecer outras culturas e tecnologias. A maioria dos participantes era jovem e nos demos muito bem lá. Não ganhamos, mas esse não era o maior objetivo”, avalia o físico.

por Ricardo Andrade

Comunicação SINTPq