Presidente da Academia Brasileira de Ciências critica extinção de ministério
O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, criticou a fusão dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação com o das Comunicações.
Segundo Davidovich, a medida enfraquece o setor de pesquisa e inovação, que ele considera fundamental para que o país supere a crise econômica.
A afirmação foi feita durante a audiência pública da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática, realizada hoje e que contou com a participação do ministro Gilberto Kassab, da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – pasta criada a partir da fusão dos ministérios.
“O que está em jogo é o futuro do país. Os Estados Unidos investem 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento. Coréia do Sul e Israel, 4%. O Brasil não chega a 2%”, reclamou. Segundo Davidovich, países como a China, a Índia e a Rússia anunciaram que vão investir mais em ciência e tecnologia para superar os efeitos da crise econômica.
Davidovich apontou que o setor de pesquisa já enfrenta dificuldades, como corte orçamentário e o não investimento dos recursos arrecadados pelos fundos setoriais. O resultado se reflete no número de pesquisadores do país. "Os países da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ou Econômico] têm 7.600 pesquisadores por milhão de habitantes. A Argentina tem mais de mil e o Brasil apenas 760”, disse.
O presidente da Academia Brasileira de Ciências declarou que concorda com a redução do número de ministérios, mas discordou do formato adotado pelo governo. “Há diferenças entre criar ministérios para atender critérios políticos e acabar com um ministério que tem mais de 30 anos. Há também uma prática muito diferente entre os dois ministérios [Ciência e Tecnologia e Comunicações]. Os políticos que passam pelo Ministério da Ciência e Tecnologia saem purificados pelo contato com cientistas e a nata do empresariado”, afirmou.
Kassab defendeu a fusão e rebateu comparações entre a medida e o que aconteceu com o Ministério da Cultura. “O Ministério da Cultura foi extinto; o da Ciência e Tecnologia, não”, disse.
Fonte: Câmara dos Deputados
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