Notícias | Sindicatos também contribuem para o resgate da história instaurando suas Comissões da Verdade

Sindicatos também contribuem para o resgate da história instaurando suas Comissões da Verdade

17/09/2014

Proporcionar para seus cidadãos uma versão ampla de sua história recente é uma premissa considerada fundamental para a identidade de uma nação por diversos sociólogos.
O Brasil em sua jovem democracia de pouco mais de 20 anos ainda tenta achar formas de resgatar múltiplas histórias ainda pouco conhecidas e ocorridas durante a Ditadura Militar.  São fatos, acontecimentos e personagens capazes de desvendar revelações e novas verdades, importantes para diversos setores.
Muitas organizações estão procurando contribuir para este processo. A começar pelo Poder Público, seja na esfera nacional pela Comissão da Verdade instaurada pelo Palácio do Planalto, seja pelas comissões em curso em Assembleias Legislativas e Câmaras  Municipais.
Recentemente o setor sindical despertou para a importância de fazer sua parte e para o quanto pode contribuir esmiuçando sua área de atividade, fazendo um inventário em sua própria narrativa da época, atuação de suas lideranças e de seus profissionais da base.
Um exemplo é o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Sob a supervisão de Milton Bellintani, tem procurado ouvir colegas atuantes na grande imprensa e na chamada imprensa alternativa. São muitos e muitos fatos de luta contra a censura, de tentativas de burlar ordens para informar a sociedade, de demissões unilaterais e sem justificativa, de profissionais perseguidos e sem sustento com famílias ameaçadas.  Os trabalhos desta comissão estão em curso e devem se estender ainda durante o ano de 2015. A ideia é incentivar que outros Sindicatos de Jornalistas de outros Estados também tenham a mesma iniciativa.
Outro Sindicato empenhado em iluminar este passado é o dos Metroviários de São Paulo. Durante este ano de 2014 foi oficialmente aberta a Comissão da Verdade dos Trabalhadores do Metrô de São Paulo. Segundo levantamentos prévios e relatos orais, existiram diversos afastamentos à força da atividade Sindical, abusos variados de Direitos Humanos no período, prisões e finalmente uma grande e grave intervenção no Sindicato em si em 1983.
Já no Estado do Pará a Comissão da Verdade dos Trabalhadores surgiu da união de diversas frentes, da CUT, CSB, UGT, OAB e outras organizações. Para Osvaldo Coelho, representante da OAB-PA e ex-sindicalista cassado em 1966 por Jarbas Passarinho, posteriormente ministro da Educação e do Trabalho, a Comissão da Verdade dos Trabalhadores terá o papel de buscar informações, documentos, pesquisas, dados, evidências e fontes que comprovam quem sofreu e quem foi responsável pelas perseguições sofridas pelos trabalhadores no período da ditadura. Assim como ele muitos trabalhadores, dirigentes sindicais da época tiveram seus mandatos interrompidos pela ditadura.
Com certeza este painel multiplicado de diversas comissões da verdade terá bastante informações e fatos novos a oferecer para preencher lacunas do passado sob o prisma dos trabalhadores e do movimento sindical.