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Temer é recebido com protestos em visita à Aramar

08/06/2018

Michel Temer foi recebido com protestos em visita nesta sexta-feira (8) ao Centro Experimental Aramar (CEA), na cidade de Iperó-SP. Funcionários da Amazul, que trabalham no local, representantes do SINTPq e de outros sindicatos da região promoveram uma manifestação na portaria do Centro durante a manhã. O ato reuniu 60 pessoas e foi motivado pelos cortes na ciência e tecnologia e os retrocessos nas relações de trabalho, provocados pelas recentes políticas do atual governo. Confira imagens do protesto no vídeo.

Alex Sander Zok é funcionário da Amazul e participou da manifestação. Segundo ele, a presença de Temer no CEA é uma afronta aos empregados: “A visita de Michel Temer, que ocasionou a liberação de grande parte dos funcionários das instalações em Iperó, demonstra o distanciamento que o presidente golpista mantém dos trabalhadores. Ele fala da valorização dos projetos que envolvem tecnologia nuclear, mas suas palavras são mentirosas em sua essência, já que os trabalhadores que movimentam o projeto continuam sendo desvalorizados. ”

Uma cerimônia oficial teve início às 10h, contando com representantes do Ministério da Saúde, da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e da Marinha do Brasil. Nela, foi lançado o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e terá início a fase de testes de integração dos turbogeradores do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE).

Salários congelados

A visita ocorreu três meses após greve dos trabalhadores da unidade, que, devido a cortes do Governo Federal na área de ciência e tecnologia, tiveram reajustes abaixo da inflação nos últimos três anos, acumulando 11,2% de perda salarial.

Na negociação coletiva deste ano, o governo apresentou proposta de 0% de reajuste salarial e sinalizou a intenção de retirar benefícios já praticados. Em protesto ao congelamento salarial e a redução de recursos na área, os profissionais da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa SA – Amazul, que atuam no CEA e também em São Paulo, iniciaram uma greve no dia 13 de março. O movimento durou três dias e, no momento, o processo de dissídio coletivo de greve está aguardando julgamento no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia – SINTPq, Régis Norberto Carvalho, a visita de Michel Temer e o evento desta sexta-feira demonstram uma postura incoerente do governo, que celebra os avanços alcançados graças ao empenho dos trabalhadores, mas não lhes garante sequer a recomposição inflacionária.

“A ciência brasileira está sendo sucateada e a soberania nacional está em risco. Trabalhadores de projetos fundamentais para a defesa e desenvolvimento, como a construção do nosso submarino nuclear, estão sendo penalizados diariamente com o congelamento salarial. Já estamos vendo o resultado dessa política. Cada vez mais profissionais altamente capacitados deixam o país. Isso coloca em cheque qualquer perspectiva de alcançarmos um Brasil soberano e desenvolvido”, analisa Carvalho.

Recursos cada vez menores

A Lei Orçamentária Anual (LOA) para este ano, publicada em janeiro no Diário Oficial da União, estabeleceu o orçamento de R$ 12,7 bilhões para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), montante 19% menor que o do ano anterior.

No orçamento movimentável, que exclui despesas obrigatórias e é destinado para custeio e investimento, o corte foi ainda maior. Para o próximo ano, estão previstos R$ 4,7 bilhões, 25% a menos do valor aprovado em 2017.