A visita do ministro interino da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD-SP), à sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), na última sexta-feira (17), terminou em agressão física a servidores da instituição, contrários à fusão do MCTI com o Ministério das Comunicações (MiniCom).

A confusão ocorreu na saída da comitiva de Kassab – integrada, entre outros, por parlamentares do Amazonas, como o deputado federal, Pauderney Avelino; deputada federal, Conceição Sampaio; e pelo senador, Omar Aziz. Ignorado pela comitiva desde o início, o grupo - liderado pelo Comitê INPA pela Democracia e pelo Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Amazonas (SINDSEP-AM), foi esperar os visitantes nas portas dos fundos do gabinete da presidência do INPA, por onde a comitiva também entrou, para não ter contato com os servidores, pesquisadores e estudantes, que junto com a imprensa aguardavam do lado de fora, na entrada do gabinete.

Agressão - Ao ouvirem palavras de ordem como “Fica MCTI”, “Fora Temer”, “Fora corruptos” a comitiva do ministro interino reagiu e foi para cima dos manifestantes. O próprio deputado iniciou uma discussão com alguns do grupo e os desafiou para a briga. Neste momento um dos seguranças de Pauderney Avelino deu um soco no médico veterinário, Diogo Lagroteria, iniciando uma correria dentro do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. O veterinário foi agredido até mesmo com pedaços de pau e teve o rosto machucado e os braços arranhados. Ele fez boletim de ocorrência para denunciar a agressão.

“Nenhum de nós aqui levantou a mão ou tentou algum tipo de agressão. Eles me deram um soco, empurraram a gente no chão, pegaram os pedaços de paus que tem aqui na trilha para tentar acertar a gente e depois pegaram uma pedra que deveria ter uns 2kg e só não tacaram na gente porque alguém ali do meio deles impediu, caso contrário, eles teriam machucado severamente as pessoas”, completou Diogo.

Lei da mordaça no INPA - O Comitê INPA pela Democracia estava com cópia do manifesto da Instituição contra a fusão do MCTI com o MiniCom para entregar ao ministro Kassab, mas se quer, conseguiu se aproximar dele porque foi impedida pela direção do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Até mesmo a visita do ministro ao INPA não foi divulgada aos servidores da casa.

A tentativa de calar a democracia dentro do INPA não é de hoje, de acordo com o Sindsep-AM. Até mesmo uma portaria, de número 079/16, proibindo a livre manifestação dentro da instituição, foi publicada no último dia 5 de maio deste ano, dois dias após o lançamento do Manifesto em Defesa do MCTI. O Sindicato dos Servidores Públicos Federais marcou audiência com a direção do INPA, mas até agora não obteve retorno e está com uma campanha nacional pedindo a revogação da portaria.

Visita do ministro – A visita do ministro interino, Gilberto Kassab, ao Amazonas era para conhecer as instituições de pesquisa ligadas ao MCTI, entre elas o INPA, o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, em Tefé, neste sábado. A visita ao INPA, porém, se limitou ao gabinete da presidência, uma vez que as ações – inclusive de plantar uma muda de Sumaúma, na Ilha da Tanimbuca, no Bosque da Ciência, foram canceladas para poupar o ministro do “constrangimento” ante a revolta dos servidores, pesquisadores e estudantes da instituição com a extinção do MCTI.

Fonte: Fato Amazônico