Notícias | Cesta básica atinge R$ 640 e IPCA, INPC e IPC-FIPE beiram 10% no acumulado em 12 meses

Cesta básica atinge R$ 640 e IPCA, INPC e IPC-FIPE beiram 10% no acumulado em 12 meses

Em julho, o custo médio da cesta básica de alimentos aumentou em 15 cidades e diminuiu em duas, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo DIEESE

09/08/2021

FOTO: ROBERTO PARIZOTTI (SAPÃO)

Enquanto Governo Federal e boa parte do congresso se preocupam com voto impresso, a inflação corre solta reduzindo o poder de compra dos trabalhadores. Em julho, o custo médio da cesta básica de alimentos aumentou em 15 cidades e diminuiu em duas, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em 17 capitais. As maiores altas foram registradas em Fortaleza (3,92%), Campo Grande (3,89%), Aracaju (3,71%), Belo Horizonte (3,29%) e Salvador (3,27%). As capitais que tiveram queda foram João Pessoa (-0,70%) e Brasília (-0,45%).

  Julho 2021 Acumulado 12 meses
IPCA 0.96% 8.99%
INPC 1.02% 9.85%
IPC-FIPE 1.02% 9.79%

 

A cesta mais cara foi a de Porto Alegre (R$ 656,92), seguida pela de Florianópolis (R$ 654,43) e pela de São Paulo (R$ 640,51). Entre as cidades do Norte e Nordeste, as que apresentaram menor custo foram Salvador (R$ 482,58) e Recife (R$ 487,60).

Ao comparar julho de 2020 a julho de 2021, o preço do conjunto de alimentos básicos subiu em todas as capitais que fazem parte do levantamento. Os percentuais oscilaram entre 11,81%, em Recife, e 29,42%, em Brasília.

Nos primeiros sete meses de 2021, 14 capitais acumularam altas, com taxas entre 0,04%, no Rio de Janeiro, e 14,71%, em Curitiba. As reduções foram observadas em Belo Horizonte (-3,35%), Brasília (-1,60%) e Goiânia (-0,30%).

Com base na cesta mais cara que, em julho, foi a de Porto Alegre, o DIEESE estima que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.518,79, valor que corresponde a 5,02 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00. O cálculo é feito levando em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças. Em junho, o valor do mínimo necessário deveria ter sido de R$ 5.421,84, ou 4,93 vezes o piso em vigor.

O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta, em julho, ficou em 113 horas e 19 minutos (média entre as 17 capitais), maior do que em junho, quando foi de 111 horas e 30 minutos. 

Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em julho, 55,68% (média entre as 17 capitais) do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em junho, o percentual foi de 54,79%.

São Paulo – números de julho de 2021 

• Valor da cesta: R$ 640,51

• Variação mensal: 2,19%

• Variação no ano: 1,43%

• Variação em 12 meses: 22,06%

• Produtos com alta de preço médio em relação a junho: tomate (31,63%), café em pó (9,88%), açúcar refinado (7,48%), feijão carioquinha (2,84%), farinha de trigo (1,86%), leite integral (1,79%), pão francês (1,13%) e manteiga (1,09%)

• Produtos com redução do preço médio em relação a junho: batata (-17,32%), arroz agulhinha (-4,20%), óleo de soja (-0,50%), banana (-0,43%) e carne bovina de primeira (-0,41%) 

• Jornada necessária para comprar a cesta básica: 128 horas e 06 minutos

• Percentual do salário mínimo líquido gasto para compra dos produtos da cesta para uma pessoa adulta: 62,95%

IPCA

Puxada pelos reajustes da energia elétrica e dos botijões de gás, a inflação acelerou em julho com alta de 0,96%, a maior para o mês desde 2002. A alta acumulada no ano é de 4,76% e a dos últimos doze meses alcança  8,99% corroendo o poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras, em especial dos mais pobres que sentem mais a alta dos preços em itens essenciais para a sobrevivência, como luz, gás e alimentação. 

Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE. De acordo com o IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em julho.

A maior variação (3,10%) e o maior impacto (0,48 p.p.) vieram do grupo Habitação com a alta da energia elétrica (7,88%), resultado dos reajustes tarifários como os de São Paulo (11,38%) e também da bandeira tarifária vermelha 2 que  vigorou nos meses de junho e julho.

A partir de 1º de julho, houve reajuste de 52% no valor adicional dessa bandeira tarifária, que passou a cobrar R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos. Antes, o acréscimo era de R$ 6,243, diz o relatório do IBGE. 

No mesmo grupo, os preços do gás de botijão (4,17%) e do gás encanado (0,48%) voltaram a subir pressionando o índice de inflação e derrubano o poder de compra das famílias, que também amargam com aumento do aluguel (0,93%), condomínio (0,66%) e das taxas de água e esgoto (0,33%) -  reajustes de 6,90% em Porto Alegre (3,19%) desde 1º de julho, e de 1,62% em Campo Grande (0,27%), ocorrido em 24 de julho.

A segunda maior variação (0,32 p.p.) foi registrada no grupo Transportes (1,52%), puxada pelas passagens aéreas (35,22% e 0,10 p.p.), transportes públicos (4,52%), transporte por aplicativo (9,31%) e ônibus urbano, que subiu 0,38% em decorrência do reajuste de 5,49% nas tarifas em Porto Alegre (5,06%), a partir de 2 de julho.

Os preços dos combustíveis (1,24%) também aceleraram em relação a junho (0,87%) - a gasolina registrou alta de 1,55%. No mês anterior havia subido 0,69%.

No grupo Alimentação e bebidas (0,60%) a alimentação no domicílio passou de 0,33% em junho para 0,78% em julho, principalmente por conta das altas do tomate (18,65%), do frango em pedaços (4,28%), do leite longa vida (3,71%) e das carnes (0,77%). No lado das quedas, destacam-se a cebola (-13,51%) batata-inglesa (-12,03%), e o arroz (-2,35%).

A alimentação fora do domicílio (0,14%) desacelerou em relação a junho (0,66%), principalmente por conta do lanche (0,16%) e da refeição (0,04%), cujos preços haviam subido 0,24% e 0,85% no mês anterior, respectivamente.

INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 1,02%, também bastante acima de junho (0,60%) e de julho do ano passado (0,44%). Agora, soma 5,01% no ano e 9,85% em 12 meses.

Segundo o IBGE, os produtos alimentícios subiram 0,66%, ante 0,47% no mês anterior. Já os não alimentícios foram de 0,64% para 1,13%.