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Sem política seguida entre 2004 e 2018, salário mínimo seria hoje de R$ 700

Os ganhos reais praticados no salário mínimo, somando a inflação e o crescimento do PIB do País, fizeram o seu valor praticamente dobrar

25/10/2022

Já imaginou como seria o País se o salário mínimo tivesse quase a metade do valor atual? De acordo com cálculos da economista Carla Beni, da FGV, sem a política de valorização do salário mínimo iniciada no governo Lula e seguida até o governo Temer, cerca de 60 milhões de brasileiros estariam recebendo R$ 699.

Os ganhos reais praticados no salário mínimo, somando a inflação e o crescimento do PIB do País, fizeram o seu valor praticamente dobrar. Isso aumentou a renda de cerca de 36 milhões de brasileiros que trabalham com carteira assinada (dados do início de 2022), além de cerca de 24 milhões de aposentados e beneficiários do INSS (dados também de 2022).

A discussão do ganho real do salário mínimo ganhou destaque após a Folha de S. Paulo revelar um projeto do ministro da Economia, Paulo Guedes, de em eventual segundo mandato de Bolsonaro alterar o índice de reajuste do salário mínimo, hoje a inflação passada medida pelo INPC, para a meta de inflação medida pelo IPCA. Com a mudança, se a inflação oficial fosse maior do que a meta estabelecida pelo governo, o salário mínimo não só não teria ganho real, mas não teria nem a reposição da inflação, achatando o poder de compra das famílias. Se essa regra, do reajuste pela meta de inflação e sem ganho real, tivesse sido adotada desde 2002, o salário mínimo seria hoje de cerca de R$ 500.

Em pronunciamento gravado para as redes sociais na última semana, o presidente do SINTPq, José Paulo Porsani (foto), demonstrou indignação com o plano de congelamento formulado por Guedes. Na visão do sindicalista, o atual governo se destaca pelo empobrecimento da população, uma vez que será o primeiro a entregar um salário mínimo valendo menos em relação ao início do seu mandato.

"Já vivemos isso na década de 1990, quando houve a desindexação da inflação na correção dos salários e aposentadorias. Todo ano, o SINTPq e o movimento sindical têm lutado para garantir ao menos a correção inflacionária. Imaginem como ficaria a situação dos aposentados e dos trabalhadores que ganham um salário mínimo e não têm um movimento sindical organizado que os defendam", indaga Porsani.

Porsani também menciona outro mecanismo da gestão Guedes/Bolsonaro que corrói os salários, a não correção da tabela do imposto de renda: "Nos quatro anos deste governo, não houve qualquer correção da tabela. Isso significa mais de 3% de perda dos nossos salários líquidos mensalmente. Precisamos acabar com esse estado de coisas. Dia 30, teremos a oportunidade de dar um basta nesse governo que ataca os trabalhadores e os aposentados!"