Terceirização ilimitada pode acabar com emprego da classe média no país
Totalmente descolados da realidade do mercado de trabalho e das condições de vida dos trabalhadores e trabalhadoras, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram, no dia 20 de agosto, aprovar a terceirização também para as atividades-fim das empresas. Alguns usaram como argumento a modernização, o que é uma falácia, como comprova análise do professor Ruy Braga, do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP), um estudioso do tema, em entrevista a Luís Eduardo Gomes, do Sul21
De acordo com o sociólogo, a terceirização irrestrita, considerada constitucional pela maioria dos ministros do STF, vai aumentar o subemprego, achatar a renda das famílias e dificultar a retomada do crescimento. Ele diz ainda que há poucas chances de grandes modificações para o atual cenário de desemprego recorde no país que, segundo o IBGE, atinge quase 13 milhões de trabalhadores. Para o professor Ruy Braga, está próximo o desaparecimento do chamado emprego protegido.
As previsões que Braga faz não são nada favoráveis ao trabalhador, confirmando que a Central Única dos Trabalhadores estava correta ao luta contra a aprovação e alertar os trabalhadores que o objetivo principal da ampliação da terceirização sempre foi reduzir salários, aumentar o número de horas trabalhadas e ignorar os riscos de acidentes e mortes dos terceirizados.
Para o professor Ruy Braga, o que se vê “no horizonte, se essa tendência não for revertida rapidamente, é o fim do emprego de classe média no país”.
“Você não vai ter mais esse último bastião de contratação de classe média, via concurso público, com algum tipo de proteção, carreira ou algo do estilo. O que você vai ter é a generalização da contratação de trabalhadores terceirizados, profissionais terceirizados, PJs, ou via cooperativas ou via empresas de intermediação de mão de obra, empresas de trabalho temporário”, diz o sociólogo.
No lugar da proteção, Ruy Braga vislumbra a generalização de práticas que são vistas no setor de transporte de passageiros por aplicativo. “Vai ter o Uber do professor, do enfermeiro, do jornalista, do arquiteto, do publicitário. Ou seja, um tipo de emprego precário mobilizado por plataforma digital. Essa é a tendência. Não se paga direito nenhum, não tem nenhum tipo de vínculo empregatício, ocorre ao sabor do ciclo econômico, ou seja, das flutuações de mercado. É a devastação máxima da proteção via mercantilização do trabalho”, afirma.
por Redação Central Única dos Trabalhadores
Veja também
Assembleia em 05/07, às 19h, elege delegados do SINTPq para a Plenária Estatutária da CUT
28/06/2021O SINTPq gostaria de convidar toda a categoria para a assembleia que definirá os delegados ...
Atenção sócios e sócias: Eleições do SINTPq estão abertas; veja como votar
07/06/2021As Eleições SINTPq 2021/2024 já estão em andamento. Todos os sócios e sócias que registraram ...
Eleições SINTPq: Conheça as pessoas que formarão a nova direção do sindicato
17/05/2021O SINTPq está encerrando mais um ciclo de sua história com o término da Gestão ...