Crise da Oi pode causar prejuízo de R$ 40 milhões na região de Campinas
O pedido de recuperação judicial da Oi pode causar um prejuízo de R$ 40 milhões na região de Campinas (SP). Principal polo tecnológico do país, a região concentra parte dos fornecedores da maior operadora em telefonia fixa do país e quarta em telefonia móvel.
Na lista de quase 400 páginas com os credores da empresa, publicada no Diário de Justiça do Rio de Janeiro, estão 22 da região como a Fundação CPqD, com um crédito de R$ 9,6 milhões, a Padtec, que fornece tecnologia para ampliação da fibra óptica da Oi e que tem a receber pouco mais de R$ 4,5 milhões, e a Coppersteel Bimetálicos, que fornece fios telefônicos de aço, cobre e alumínio e tem a receber pouco mais de R$ 7,6 milhões.
Até mesmo o Procon de Campinas está entre os credores. Segundo a entidade de defesa do consumidor, a quantia é referente a uma decisão em primeira instância administrativa, de 2013, em que a Oi foi atuada por irregularidades no seu Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC).
Processo demorado
O especialista em recuperação judicial, Sérgio Emerenciano, que fez o levantamento dos credores na região, explica que a recuperação judicial de uma empresa costuma demorar e envolve três premissas básicas: descontos altos nas dívidas existentes, carência de anos para início do pagamento e ainda o parcelamento. O problema, explica o especialista, é que, neste meio tempo, pequenos e médios fornecedores podem não ter fôlego e acabar demitindo funcionários ou mesmo fechar as portas.
"É um caminho longo. Minha experiência mostra que os descontos na lista de credores oscilam entre 40% e 90%, em média, e os valores ainda são parcelados. Isso para os pequenos e médios é muito crítico", ressalta Emerenciano.
Com exceção das dívidas trabalhistas, na recuperação judicial comum não há limite legal para o prazo no pagamento das dívidas, existindo casos em que o pagamento supera cinco anos.
Na segunda-feira (27), em relatório divulgado ao mercado, a agência de classificação de riscos Fitch Ratings afirmou que as perspectivas para chegar a um acordo rápido entre os numerosos pequenos credores e fornecedores da Oi não são boas, uma vez que a "perspectiva de obtenção de rápido acordo entre os vários credores e fornecedores da Oi não parece favorável, sobretudo diante de notícias veiculadas na imprensa indicando que a empresa tem feito lobby por um desconto de 50% da dívida".
"É uma situação bem delicada para os pequenos e médios empresários. São mais de R$ 40 milhões a receber na região, é um dinheiro que deixa de entrar nas cidades. As instituições financeiras operam com garantias, já as empresas fornecedoras ficam mais expostas. Analisando a relação de credores da região de Campinas a gente percebe que são empresas de médio e pequeno porte da área de tecnologia como fornecedores de cabos e equipamentos. Essas empresas não pedem garantias quando fecham um contrato", explica o advogado.
O G1 entrou em contato com os maiores credores da lista, mas a maioria preferiu não comentar o processo. O Procon Campinas informou que o processo se encontra em fase recursal e, caso a decisão seja mantida, o caso seguirá o rito normal para cobrança, como todos os demais casos tratados pelo órgão.
O que é recuperação judicial
A recuperação judicial é o mecanismo através do qual as empresas em dificuldade financeira tentam reestruturar a dívida com credores. A lei 11.101, sancionada em 9 de fevereiro de 2005 pelo Presidência da República, regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade.
O pedido de recuperação da operadora é o maior já aberto no Brasil, e cita R$ 65,4 bilhões em dívidas. Nos próximos seis meses, credores e empresa deverão chegar a um acordo. Se isso não ocorrer, a empresa terá a falência decretada.
Confira a relação dos 10 principais credores da região:
Empresa | Valor em reais | Cidade |
---|---|---|
Fundação CPqD | 9,6 milhões | Campinas |
Coppersteel Bimetálicos | 7,6 milhões | Campinas |
Mpt Fios e cabos especiais | 7,4 milhões | Indaiatuba |
Amphenol Tfc do Brasil | 7,1 milhões | Campinas |
Tele System Electronic do Brasil | 6,9 milhões | Jundiaí |
Padtec | 4,5 milhões | Campinas |
Trópico Sist Telecom Amazônia | 2,5 milhões | Campinas |
Pires e Ferraz Informática | 1,9 milhão | Campinas |
3M do Brasil | 1 milhão | Sumaré |
Procon | 1 milhão | Campinas |
Fonte: G1
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