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Inclusão Digital por Telecentros Públicos transforma a vida das pessoas

06/10/2014

Programas  públicos como o Telecentro.br e Telecentros Comunitários vem mudando a vida de muitas pessoas proporcionando inclusão digital gratuita.

Em diversos Estados, espaços públicos vêm sendo ocupados por monitores e computadores para aulas básicas de internet. As pessoas aprendem tudo que é funcional para usar a web com seus benefícios básicos.

Começa com o mais simples, como ligar e desligar um computador, manuseio de teclado, acesso à banda larga, o que é um email,  como abrir e ter um, o que é um link, como criar um perfil de rede social e assim por diante.

O acesso à web para os excluídos digitais

Segundo dados do  IBGE cruzados com o PNAD,  31,5% dos brasileiros não sabem usar a internet. Parte alega não ter interesse, parte alega ter desconhecimento, parte alegar saber pouco sobre o assunto.

Uma realidade é que apenas 1/3 dos lares brasileiros tem acesso a banda larga. Esse quadro retrata de fato a exclusão digital na realidade.

Uma quantidade expressiva desta parte da população é composta por famílias de baixa renda, ambiente rural e a chamada terceira idade.

Relativo ao segmento de baixa renda,  o determinante maior é a incapacidade  financeira de adquirir algum tipo de aparelho conectivo ou assumir conta fixa mensal para acesso.  Esse fenômeno agrava-se mais ainda com a redução do negócio de “lan house” no país, um modelo em extinção na maior parte do território brasileiro devido à inviabilidade econômica dada à popularização da internet via banda móvel.

As áreas rurais em regiões remotas sofrem pela ainda deficiente infraestrutura de sinal em locais com este perfil. Estão fora do radar de interesse das grandes operadoras de telefonia pelo baixo retorno e assim entregues à própria sorte. A única chance é internet via satélite, uma modalidade cara e precária.

Já a população da terceira idade teve dificuldade de acompanhar as mudanças e novidades tecnológicas. Mal estava se acostumando a manusear os controles remotos inteligentes das novas tvs e o controle de DVDS e agora tem que aprender a usar celular e internet. É um desafio difícil, pois foge do tangível para lidar com conceitos mais abstratos das funcionalidades. Lidar com ícones ao invés de botões muitas vezes é um empecilho.

O acesso à web dinamiza sociedade e economia

Através da web segmentos populacionais até então excluídos digitalmente conseguem socializar e empreender. Conseguem estabelecer uma qualidade até então inexistente de comunicação em velocidade instantânea.

Com este acesso micro negócios aceleram suas atividades, criando sites, recebendo pedidos, fazendo encomendas, divulgando suas atividades. Injetam, assim, uma  nova dinâmica comercial e de trocas na comunidade.A comunidade passa a depender menos de logísticas tradicionais e do boca a boca, ganha fenômeno de multiplicação.

Já a terceira idade tem sido um público surpreendente nas redes sociais. Na medida em que conseguem aprender princípios básicos de navegação, acolhem novas e antigas amizades e assim mantém a percepção de participação e inserção, trazendo melhorias psicológicas e de auto-estima.

Em idades mais avançadas, o uso das redes sociais tem conseguido gerar maior longevidade nos interesses das pessoas.  A curiosidade prossegue atiçada e viva.

Afora isso ocorre o fenômeno da democratização da informação. Com diversos portais de notícias gratuitos, as pessoas têm a chance de nas mais diversas regiões do país  coletarem informações em meios de comunicação nacionais e internacionais, aumentando o alcance daquilo que sabem e desejam saber.

Multiplicação da Inclusão Digital – Governo e ONGS

Muitos Telecentros de Inclusão Digital são montados por verbas públicas e operados por organizações sociais especializadas. A proposta é conseguir efetivar com menos amarras estes projetos.

Em Brasília, por exemplo, a ONG Programando o Futuro é uma das mais ativas no setor. Sua coordenadora, Silvana Lemos é responsável por diversas oficinas de alfabetização digital.

Segundo ela,  “a inclusão digital é o direito de todo cidadão brasileiro de fazer parte da sociedade da informação. Em muitas comunidades distantes de grandes centros, seja na periferia das cidades ou na área rural, a inclusão digital tem encurtado distâncias na utilização de serviços públicos, permitido o acesso à informação, e sido uma oportunidade para as pessoas se colocarem, se manifestarem, se comunicarem, e, o mais importante, possibilitado o compartilhamento de conhecimento e a construção em conjunto. O computador é apenas uma ferramenta. Saber manuseá-lo, assim como a utilização de softwares livres, abre um universo novo para acesso ao conhecimento. Precisamos ficar atentos, pois há uma nova forma de nos comunicarmos e os jovens têm se apropriado das tecnologias com muita facilidade. Noventa e seis por cento dos brasileiros têm pelo menos um aparelho celular e esta mobilidade precisa ser incorporada em todos os processos, principalmente na educação e ao alcance de todas faixas etárias e sociais”.

O estudo sintetizado pelo PNAD após a publicação do Mapa de Inclusão Difgital,  sugere também que o Poder Público crie mais espaços comunitários de inclusão digital, amplie a municipalização destes serviços e invista em banda larga de qualidade nestes recintos. A alfabetização digital ganha corpo hoje como no passado ganhou a Alfabetização na língua portuguesa que levou ao surgimento do conhecido Mobral.