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Palavras da moda

31/08/2012

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Algumas palavras ou expressões entram em moda nos meios mais intelectualizados e vão descendo a ladeira até se tornarem lugares comuns chatíssimos.  Pior: tem aquelas que refluem (?) e voltam para nos atormentar de vez em quando. "A nível de", "em termos de" (massa, cúpula, base, direção etc)  são fantasmas do século passado que de vez em quando nos ameaçam como visita de cunhado ou sogra. 

Agora só se fala em construção.  Todos somos engenheiros, arquitetos, mestres de obra, pedreiros e até serventes. Todos constroem.  Estratégias, relacionamentos, projetos, planos, sociedades, comportamentos.  Seja lá o que for.  É permitido construir. 

Antes teve a "Engenharia", que se tornou política, financeira, econômica, social, etc (principalmente o etc). Aí veio a "Reengenharia" eufemismo para corte de empregos (puro eufemismo).  Até a IBM entrou nessa.

"Assertividade", me lembro perfeitamente, foi criada pelos consultores de RH.  Quem não era assertivo não era nada.  Essa está ameaçando voltar.

Ser articulado era um bom predicado e valia muitos pontos na entrevista de emprego.   Se fosse articulado, assertivo, inovador e "market oriented", pronto: estava contratado.

Há mais ou menos dois anos veio o "recorte".  Esse é sinônimo também de quase tudo (detalhe, ponto de vista, enfoque etc etc etc.)

Com as gírias é a mesma coisa, só que estas são criadas em todos os níveis intelectuais (sociais) e têm o poder de trafegarem em todos os sentidos e direções (horizontal, vertical, diagonal e circular).

Lembram do "bárbaro" ?  Surgiu nos anos 1950 ou 60.  Um dia, no século 21, a Hebe falou e a gíria voltou.  "Bacana" é outra que vai e vem.  Achei chiquérrimo quando as meninas nos anos 1960 falaram: "fulano é um pão".  Era o mesmo que "gato". 

E acreditem: tem gente que ainda fala "broto"

Austregesilo Gonçalves é Diretor de Comunicação do SINTPq