Notícias | Pesquisadores do CNPEM, responsáveis pelo Sirius, enfrentam desvalorização e defasagem salarial

Pesquisadores do CNPEM, responsáveis pelo Sirius, enfrentam desvalorização e defasagem salarial

Há dois anos, Governo Federal nega correção inflacionária aos profissionais do CNPEM, centro de pesquisa que coordena o maior projeto da ciência nacional.

01/09/2021

Investimentos de R$ 1,8 bilhão em infraestrutura e para os trabalhadores e trabalhadoras sequer a reposição inflacionária. Essa é a realidade enfrentada pelos pesquisadores do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), localizado em Campinas, interior de São Paulo. O Centro e seus profissionais são responsáveis pelo Sirius, acelerador de elétrons que integra a maior e mais complexa estrutura científica do País. 

A remuneração do conjunto de mais de 650 funcionários – formado em grande parte por técnicos e pesquisadores altamente qualificados – está congelada desde 2019, pois a direção do CNPEM e o Governo Federal negaram a possibilidade de qualquer reajuste na negociação coletiva do ano passado. Na negociação salarial deste ano, o Centro ofereceu 5% de reajuste, índice abaixo da inflação do último período, que corresponde a 8,99% conforme o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O SINTPq (Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia) e os funcionários do CNPEM reagiram aprovando Estado de Greve em assembleia no dia 24 de agosto (foto). Mais de 230 trabalhadores e trabalhadores participaram da assembleia, que ocorreu de forma presencial no campus do Centro e também foi transmitida simultaneamente em videoconferência para os empregados em teletrabalho. Com a decisão, os profissionais poderão paralisar as atividades assim que julgarem necessário.

Visão área do acelerador de elétrons Sirius, localizado no campus do CNPEM, em Campinas-SP (Foto: Divulgação/CNPEM)

O presidente do SINTPq, José Paulo Porsani, assegura que a categoria está disposta a iniciar a greve caso as negociações não avancem. Segundo ele, o CNPEM e o MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações) agem de forma incoerente ao pregar a valorização da ciência enquanto o salário de seus profissionais sofre defasagem.

“Os profissionais do CNPEM desenvolvem pesquisas fundamentais para o País, contribuindo também com o combate à pandemia. Ao invés de reconhecer e valorizar esse trabalho, a direção do Centro e o Governo Federal promovem a defasagem salarial justamente em um cenário de alta inflacionária. Seguiremos buscando soluções pela via negocial e esperamos que o CNPEM reveja sua postura. Caso contrário, a paralisação das atividades será a única alternativa”, afirma Porsani.

Como mencionado pelo presidente do SINTPq, o tratamento dado pelo CNPEM e pelo Governo Federal aos pesquisadores é totalmente incompatível com a importância do trabalho por eles realizado. Diversas frentes de pesquisa e projetos fundamentais para a ciência nacional são desenvolvidas no Centro, como estudos relacionados ao desenvolvimento de fármacos para o combate ao coronavírus e, mais recentemente, a construção do primeiro laboratório de Biossegurança-4 da América Latina, capaz de estudar vírus ainda mais perigosos que a covid-19.

Mobilização

Com a deliberação pelo início do Estado de Greve no CNPEM, o SINTPq iniciou diferentes ações para fazer desse período um momento de mobilização e engajamento. O objetivo é pressionar a direção do Centro a rever sua postura, buscando soluções ainda na esfera negocial. Confira a seguir.

• Repercussão
Nesta semana, a situação enfrentada pelos profissionais do CNPEM foi pauta no Correio Popular, principal jornal de Campinas e região. A reportagem completa, que também conta com o posicionamento do Centro, está disponível no link.

O portal da CUT Nacional (Central Única dos Trabalhadores), maior central sindical da América Latina, também pautou a luta travada pelos trabalhadores. Confira a reportagem.

• Denúncia
Um post no Instagram relatando e denunciando a desvalorização sofrida pelos profissionais do CNPEM foi divulgado pelo SINTPq na última sexta-feira, dia 27. O engajamento tem sido expressivo e o sindicato convida todos a curtir, comentar e compartilhar para que os resultados sejam ainda melhores. Veja aqui.

• Participação dos trabalhadores nas redes
O SINTPq produziu máscaras/filtros temáticos para foto de perfil com os dizeres: Sou CNPEM com orgulho | Reajuste abaixo da inflação nem pensar. Acessando os links abaixo, você consegue gerar sua foto para baixar e utilizar nas redes sociais.

Veja a versão 1

Veja a versão 2

Outras ações estão previstas pela direção do SINTPq e serão colocadas em prática nos próximos dias.

Sirius

A edição 27 do SindCast abordou o papel do CNPEM e do Sirius no combate ao coronavírus. Para isso, o programa teve uma convidado especial: o diretor-geral do CNPEM, professor José Antônio Roque da Silva. Durante o programa, ele comenta a atuação do centro neste momento de pandemia, as pesquisas relacionadas ao vírus e os planos para o futuro. Enriquecendo o debate, o episódio também conta com o diretor do SINTPq e profissional do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Régis Norberto Carvalho.