De acordo com levantamento realizado pelo SINTPq durante o mês de setembro, 53% dos trabalhadores pesquisados afirmam sofrer com estresse no trabalho sempre ou frequentemente, enquanto 62,3% afirmam já ter pensado em deixar o emprego por conta disso. A pesquisa ouviu 183 trabalhadores de 29 empresas da base de representação do sindicato.

Em apoio à campanha "Setembro Amarelo", o SINTPq realizou uma pesquisa com os trabalhadores buscando, além de fomentar o tema, colher instrumentos para dialogar com as empresas. Com a obtenção desses dados, sindicato e trabalhadores dispõe de argumentos para avançar nos debates relacionados à saúde mental no ambiente de trabalho.

As informações colhidas demonstram que a falta de cuidado das empresas é um dos agravantes na questão do bem-estar psicológico. O questionário propôs que os trabalhadores avaliassem, com notas de um a cinco, a atuação das empresas no cuidado com a saúde mental, sendo 1 nenhuma atuação e 5 uma atuação plenamente satisfatória. Ao todo, 49,2% dos pesquisados deram notas 1 ou 2, outros 26,8% deram nota 3 e apenas 24% dos trabalhadores avaliaram suas empresas com notas 4 ou 5.

No espaço aberto a comentários, uma das queixas foi a falta de programas que abordem a saúde mental, juntamente com problemas relacionados ao excesso de carga de trabalho. Segundo os trabalhadores, a falta de clareza nas atribuições e o tamanho da demanda geram um ambiente hostil. Outra reclamação aponta que o tema da saúde mental seria abordado apenas de forma superficial, somente em benefício da imagem da empresa.

Na última campanha salarial, os trabalhadores do CNPEM obtiveram uma importante conquista com o compromisso do Centro em manter um profissional de saúde mental para atender os funcionários internamente. O avanço é resultado do engajamento dos trabalhadores na campanha salarial, em especial, da diretora do SINTPq no CNPEM, Lidiana Moraes, que iniciou e esteve à frente da pauta.

“Essa pauta já tem sido levantada em nossas últimas campanhas salariais, porém, os dados só foram acessados através dessa pesquisa realizada de modo independente pelo SINTPq. Ela será usada como argumento para as futuras negociações”, comenta Lidiana.

Diretora Lidiana Moraes durante assembleia da última campanha salarial do CNPEM, que alcançou avanços na questão da saúde mental

Pensando em propor soluções para os problemas apresentados, o SINTPq perguntou aos trabalhadores se a mesma mudança seria positiva também nas outras empresas. Dessa forma, 58,5% dos pesquisados dizem acreditar que essa medida melhoraria o ambiente de trabalho. Outros 25,1% responderam que talvez melhoraria, enquanto que 10,9% responderam que não melhoraria e 5,5% não sabem.

Os participantes da pesquisa também reforçaram a importância de se combater problemas internos para colaborar com a saúde do grupo. Algumas das manifestações abordam não só a postura da empresa, mas relatam problemas estruturais, como constantes barulhos de equipamentos, que atrapalham a concentração e causam irritabilidade.

Para Lidiana, a pesquisa aponta para problemas que os trabalhadores já conhecem: “O resultado, infelizmente, explícita através de dados uma percepção existente há algum tempo: temos nossa saúde mental negligenciada pelas empresas”.

A dirigente sindical reforça a importância do diálogo entre trabalhadores e sindicato na construção de melhores condições de trabalho: “Convidamos os associados a utilizar da instituição sindical para questionar. Apropriem-se do sindicato para quebrarmos o silêncio e a falta de informação para assuntos que são fundamentais para sua saúde e qualidade de vida e silenciados no seu ambiente. O sindicato é sua voz e a garantia de proteção a sua identidade”.

Confira abaixo os resultados da pesquisa na íntegra.

Número de respostas: 183

Com que frequência você sente estresse no trabalho?

Sempre: 20 (10,09%)

Frequentemente: 77 (42,1%)

Às vezes: 62 (33,9%)

Raramente: 21 (11,5%)

Nunca: 3 (1,6%)

Não sei avaliar: 20 (10,9%)

Você já pensou em deixar o emprego por conta do estresse?

Sim: 114 (62,3%)

Não: 60 (32,8%)

Não sei: 9 (4,9%)

De que forma o modelo home office (teletrabalho) influencia na sua saúde mental?

Positivamente: 110 (60,1%)

Negativamente: 21 (11,5%)

Não influencia: 23 (12,6%)

Não sei avaliar: 29 (15,8%)

De 1 a 5, como você avalia a atuação da empresa no cuidado com a saúde mental dos funcionários? (Sendo 1 nenhuma atuação e 5 uma atuação plenamente satisfatória)

Nota 1: 43 (22,5%)

Nota 2: 47 (25,7%)

Nota 3: 49 (26,8%)

Nota 4: 33 (18%)

Nota 5: 11 (6%)

Você se sente confortável para abordar o assunto no ambiente de trabalho?

Sim, totalmente confortável: 41 (22,4%)

Parcialmente confortável: 78 (42,6%)

Não me sinto confortável: 56 (30,6%)

Não sei: 8 (4,4%)

Você já consultou um profissional de saúde mental? (psicólogo, psiquiatra, psicanalista, etc.)

Sim: 106 (57,9%)

Não: 77 (42,1%)

Você acredita que um profissional de saúde mental contratado para atender os funcionários dentro da empresa melhoraria o ambiente de trabalho?

Sim: 107 (58,5%)

Não: 20 (10,9%)

Talvez: 46 (25,1%)

Não sei: 10 (5,5%)