Notícias | SINTPq e centrais sindicais se mobilizam pela redução da taxa de juros

SINTPq e centrais sindicais se mobilizam pela redução da taxa de juros

Manifestações tiveram início no dia 16 e seguirão até que política do Banco Central seja revista

19/06/2023

taxaselic

A CUT, as demais centrais sindicais e os movimentos populares ocuparam as ruas das principais cidades do país na terça-feira (20), para pressionar o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) a baixar a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75%.

As manifestações fazem parte da Jornada de Lutas contra os Juros Altos, que começou no dia 16 de junho, com passeata em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e ação nas redes sociais.

Os protestos foram realizados em frente às sedes do Banco Central e locais de grande circulação para cobrar que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pare de boicotar a economia e o país e reduza a taxa de juros.

Em Minas Gerais, o ato organizado pela CUT-MG e pelo Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, começou na capital mineira em frente à sede do Banco Central

Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, portanto, herança maldita deixada pelo governo anterior, Campos Neto ignora todo o esforço e trabalho exitoso que vem sendo feito pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que tem mês a mês, conseguido reduzir os índices inflacionários. O IPCA, que mede a inflação oficial, no mês de maio ficou em 0,23%, índice menor que os 0,61% de abril e que soma 3,94 % em 12 meses. É o menor em três anos.

O resultado desta política nefasta é diretamente sentido pela população brasileira. Em três pontos fundamentais, pode-se desenhar qual é o tamanho do estrago causado à classe trabalhadora – e também a empresas – por aquilo que o movimento sindical e movimentos populares consideram um boicote ao governo Lula.

1 – Aumentam as dívidas dos brasileiros

Quem tem dívidas a pagar é penalizado com o abuso de cobrança de juros, já que a Selic é taxa de referência para o sistema financeiro. Ou seja, quanto mais alta a taxa definida pelo Banco Central, mais as instituições financeiras aumentarão os juros praticados em linhas de crédito, como financiamentos, empréstimos, cartão de crédito, até mesmo as prestações da casa própria.

Com isso o nível de endividamento, que já bateu recorde em 2022, tende a aumentar ainda mais. Os brasileiros não estão conseguindo pagar suas contas e continuarão tendo dificuldades caso a taxa não baixe. Para a economia, a consequência é menos dinheiro para o consumo, menos produção e menos empregos.

2 – Renegociações impraticáveis

O parcelamento de dívidas, com jutos altos, se torna inviável aos brasileiros e brasileiras, cuja renda já é apertada para o orçamento doméstico e as necessidades básicas, como a saúde, por exemplo. Se o brasileiro tem uma dívida e tenta renegociar, quitar suas dívidas e sair da inadimplência, acaba se deparando com taxas exorbitantes. Os juros acabam ficando tão caros como se fosse uma promoção às avessas – “compre um e pague dois”.

Em muitos casos, apenas os juros cobrados podem chegar a mais de 50% do valor do bem comprado ou do valor renegociado. E, neste caso, se torna uma bola de neve, uma dívida sem fim em que a solução são parcelas em um ‘sem número’ de vezes.

3 – Desemprego

Como já citado, se não há emprego, não há renda e sem renda, o trabalhador deixa de comprar. Com a produção encalhada, a solução que empresas encontram é deixar de produzir, demitir trabalhadores e muitas até mesmo fecham as portas. Desta forma a economia não roda e o país acaba caminhando para a recessão.

Recentemente, uma das mais conceituadas empresárias do país, a presidente do Magalu, Luiza Trajano, fez um apelo a Campos Neto para baixar a taxa de juros, lembrando a ele que muitas empresas já foram extintas e que o setor não ‘suporta mais’ essa política monetária.

No Rio de Janeiro, o protesto teve apitaço para denunciar os juros absurdos, em frente à sede do Banco Central (FOTO: CUT Rio)

Ruim para todos

Além da classe trabalhadora na rua, também os empresários cobraram a redução dos juros. Em nota, divvulgada nesta terça-feira, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apontou que “após dez meses com a Selic estacionada em 13,75%, tendo a inflação recuado 7,95 pontos percentuais em 12 meses até maio, este é um momento crucial para a autoridade monetária decidir pelo início do ciclo de baixa da taxa de referência, dando fôlego à economia. Nada justifica o Brasil seguir com o título de campeão mundial de juros reais”, aponta o texto.

A Fiesp ressalta ainda que “o remédio amargo, adotado em condições excepcionais para conter um movimento altista de preços, é um veneno para a atual realidade econômica de descompressão inflacionária, com demanda fraca, câmbio em queda e a expectativa de contas públicas controladas, graças, inclusive, ao novo regime fiscal em fase final de tramitação no Congresso.”

Banco Central independente

O Banco Central se tornou independente do governo federal por causa de uma decisão de Bolsonaro, com aval e aprovação do Congresso Nacional em 2021. Por isso, o atual governo, não tem gerência sobre as decisões da instituição.

Roberto Campos Neto se mantém intransigente e sem atentar para a nova realidade do país e para as ações positivas do governo Lula que têm baixado a inflação. Portanto, para a CUT, centrais e para os movimentos populares, não há nenhuma justificativa para penalizar o Brasil mantendo a taxa em 13,75%.

Próximas reuniões do Copom

Em encontro com empresários, que occoreu na segunda-feira (12), Campos Neto afirmou que possiblidade de queda dos juros é ‘lá na frente’, condicionando mais uma vez o comportamento da economia à redução e ignorando as quedas da inflação percebidas nos últimos meses.

O indicativo de o BC se manterá intransigente reforça a mobilização a ser feita pela sociedade – trabalhadores, entidades sindicais, movimentos populares e setor produtivo – para que Campos Neto ouça as reivindicações daqueles que realmente trabalham pelo Brasil e baixe a taxa de juros.