Tomina: segurança contra o fogo
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Durante a tragédia de Santa Maria a mídia deu ampla cobertura as precauções que deveriam ter sido tomadas para diminuir as mortes. Um dos pesquisadores mais consultados foi José Carlos Tomina, do Centro Tecnológico do Ambiente Construído do IPT, profissional da base do SINTPq e sindicalizado.
Tomina é graduado em Obras hidráulicas pela Faculdade de tecnologia de São Paulo e em Engenharia Civil pela Universidade de Mogi das Cruzes (1985) e mestre em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP . Atualmente é Superintendente do CB 24-Comitê Brasileiro de Segurança contra Incêndio da ABNT.
Pesquisador do IPT- Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em Instalações Prediais de segurança contra incêndio.
Acompanhe a entrevista concedida ao SINTPq sobre a pesquisa na área de segurança contra o fogo e as condições de segurança em empresas.
1. Quais os desafios para a pesquisa na área de segurança contra fogo?
Os desafios para a pesquisa contra o fogo são os mesmos da própria pesquisa de C&T no Brasil: dificuldade com laboratórios, infraestrutura, profissionais na área etc. Tem-se avançado bastante com o apoio da Finep, do Governo, da Fapesp. Hoje, 200 mil incêndios acontecem por ano no Brasil e só se investiga um que deu mídia. E os outros? Isso também é pesquisa, qual o tipo e material? Só 2 a 3% dos incêndios têm sua causas investigadas por falta de interesse em resolver o problema. Para o caso de Santa Maria, está se tentando investigar o que aconteceu. Nós, pesquisadores, não estamos preocupados com os culpados e sim com a prevenção, em descobrir as causas técnicas. Existem poucos locais no Brasil que fazem avaliação na área de fogo e o IPT é o mais capacitado do país. São muitas investigações, porém poucas perante a magnitude do problema.
2. As pesquisas desenvolvidas encontram demandas no mercado de consumo?
O IPT trabalha sobre demanda solicitadas por clientes que querem saber os motivos de um incêndio especifico. Dentro desse trabalho, avaliamos as características dos materiais. E a partir do momento que é determinada características mais seguras para os materiais ele passa a ser solicitado aos fabricantes. Neste aspecto, o IPT é um apoio.
3. Em uma situação de perigo, o que é mais eficiente: equipamento de segurança ou profissional habilitado?
É um conjunto, é difícil determinar qual é a prioridade. Um projetista se preocupar em atender a legislação, no momento de um acidente ele terá que se preocupar se tudo que está de acordo com as normas. Já dos profissionais é difícil exigir a consciência de segurança. O básico é saber se existe um plano de segurança e como se está inserido nele. Se você trabalha em um local há anos e nunca viu um treinamento é no mínimo estranho. Isto vale não só nas empresas, vale também para os frequentadores de teatros, cinemas, shoppings, parques etc. As perguntas básicas são: Eu sei o que fazer se acontecer uma emergência? O local onde estou é adequado, oferece segurança, tem brigada de incêndio, tem orientação?
4. A Norma regulamentadora 23 trata especificamente de combate ao fogo, qual a sua avaliação sobre seu conteúdo?
Até o ano passado ela era muito ruim. Melhorou um pouco após a revisão, as normas foi atrelada as legislações estaduais e locais, então onde existem boas exigências, as condições melhoraram, em locais que não são boas, pioraram. Há como melhorar bem mais a NR 23, já que existe a possibilidade por meio do MTE de estabelecer parâmetro, basta estabelecer parâmetros mínimos de bom nível técnico para onde não houver um boa legislação.
5. De uma forma geral, como é a sua avaliação sobre segurança contra fogo das construções residenciais e empresariais dentro do estado de São Paulo?
Se o projeto atender a regulamentação federal, se atender o que esta no papel, pode-se dizer que existe um bom nível técnico. O problema é que isso não tem acontecido, principalmente no momento do uso - veja o que aconteceu na boate Kiss, por isso tem que ter fiscalização.
O que está aí está bom? Não. Se fosse não teríamos 200 mil incêndios por ano, 60 mil só em São Paulo e 400 boates não teriam sido interditadas após o desastre. Precisa melhorar muito, a preocupação tem que ser ampliada. Os locais como metro, shopping etc têm muitas falhas e fato de Santa Maria acontece em qualquer lugar.
6. Qual o impacto do custo dos itens de segurança contra fogo em um projeto de construção?
Isso é muito difícil especificar porque existem projetos e projetos. Em média, o valor com segurança custa de 2 a 3% da obra. Na fase de planejamento se resolve os problemas com poucos recursos. Colocar um piso de mármore consome muito mais do orçamento do que os cuidados de segurança, só que o extintor e a brigada de incêndio não valorizam o imóvel. Ainda bem que existem exigências na lei.
7. Como é ser pesquisador no Brasil?
Em nossa área tem sido um prazer, um trabalho interessante, porque o IPT é referência nacional e eu não conheço outro instituto no país que tenha a mesma atuação. Então, além de ser prazeroso também temos mais recursos. Podemos nos sentir privilegiados porque o IPT é referência na área, porque temos apoio aqui e também quando precisamos de trabalhos de outras áreas também temos. É obvio que se compararmos com os Estados Unidos temos muito o que avançar, mas no Brasil, estamos no meu centro.
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