Cientistas do CNPEM avançam nas pesquisas sobre o zika vÃrus
Pesquisadores do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) descobriram uma proteÃna ligada ao zika vÃrus que pode ser a chave para o desenvolvimento de medicamentos e vacinas para combater a doença. Usando técnicas de bioinformática e bioquÃmica, os cientistas observaram que o vÃrus da zika é bastante similar ao da dengue. Três proteÃnas seriam responsáveis por manter a estrutura das membranas que revestem o material genético do zika e da dengue. No entanto, a diferença entre os dois vÃrus estaria na proteÃna E.
"Uma das pistas é procurar nessa proteÃna se ela tem alguma diferença, se apresenta alguma peculiaridade que vá determinar essas caracterÃsticas que estamos procurando. Utilizamos uma série de técnicas para identificar possÃveis regiões que vão determinar as diferenças entre o que é zika e o que é dengue. Isso é insumo para uma série de desenvolvimentos adicionais", explicou o diretor do LNBio Kleber Franchini, que apresentou a pesquisa para o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera.
Segundo Franchini, as pesquisas, que começaram em novembro de 2015, têm pelo menos dois impactos. O primeiro é a produção de insumos para um kit diagnóstico que permita a detecção de traços do vÃrus em pessoas que foram infectadas anteriormente e que já não apresentam os sintomas da doença. O segundo é a produção de uma molécula capaz de combater a infecção provocada pelo zika. A ideia é produzir um anticorpo monoclonal para tratar exclusivamente da enfermidade.
O pesquisador alerta, no entanto, que o desenvolvimento deste "antÃdoto" é uma medida paliativa até que seja desenvolvida uma vacina eficaz contra o zika vÃrus. "O anticorpo monoclonal é eficiente por ser especÃfico. Ele funciona como uma chave própria para abrir a fechadura do envelope do vÃrus. Enquanto você não tem a vacina, é muito importante que você tenha meios de antagonizar aquele vÃrus."
SÃncrotron
O Laboratório Nacional de Luz SÃncrotron (LNLS) é parte importante nos estudos sobre a estrutura do zika vÃrus. Com o uso do acelerador de partÃculas vai ser possÃvel identificar a disposição tridimensional dos átomos presentes na proteÃna E. "Um trabalho razoavelmente sofisticado de engenharia genética", definiu Franchini.
Os pesquisadores do LNBio precisam seguir um longo caminho entre o isolamento de parte da proteÃna e implantá-la em uma célula para que ela reproduza aquele trecho. Depois, é necessário purificar o resultado e cristalizá-lo. Só então ele poderá ser levado para ser analisado no acelerador de luz sÃncrotron. Com base nas pesquisas do LNLS, será possÃvel desenvolver os anticorpos monoclonais.
"No sÃncrotron, você precisa ter um cristal para poder estudar a proteÃna. Por técnicas de difração, você consegue dizer a posição dos átomos de cada elemento. AÃ, conseguimos localizar como a proteÃna se coloca espacialmente e como ela é tridimensionalmente", ilustrou.
Laboratórios
O LNBio conduz atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em áreas de fronteira de biociências, com foco em biotecnologia e desenvolvimento de fármacos. O estudo de estrutura de proteÃnas também é parte do seu escopo. Já o LNLS opera desde 1997 a única fonte de luz sÃncrotron da América Latina, que permite investigações em nÃveis atômico e molecular de materiais orgânicos e inorgânicos, com aplicações em diversas áreas do conhecimento. As duas unidades estão instaladas em Campinas (SP), dentro do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
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