Crise de saúde mental no Brasil atinge recorde de afastamentos
Aumento de 68% nos afastamentos por transtornos mentais destaca a urgência de ações no ambiente de trabalho.
O Brasil atingiu em 2024 o recorde histórico de 472 mil afastamentos de trabalhadores por transtornos mentais, representando o maior número registrado nos últimos 10 anos. Este dado alarmante revela um aumento de 68% no total de afastamentos por motivos de saúde mental em comparação com o ano anterior, conforme levantamento da Coris Seguro Viagem. A pesquisa traz à tona a urgência de se discutir e implementar ações concretas para lidar com o impacto crescente da saúde mental no ambiente de trabalho.
O estresse do mercado de trabalho
O aumento expressivo nos afastamentos tem várias causas, sendo a mais predominante o estresse no mercado de trabalho. Especialistas apontam que as cicatrizes deixadas pela pandemia de COVID-19 ainda afetam a saúde mental dos trabalhadores, somando-se à crescente pressão do mercado de trabalho, a incerteza econômica e o aumento do estresse financeiro. A saúde mental dos trabalhadores nunca foi tão comprometida, o que exige uma reflexão mais profunda sobre as condições oferecidas pelos ambientes de trabalho.
Mulheres são as mais afetadas
Outro dado preocupante revela que 64% das pessoas afastadas por transtornos mentais são mulheres. A faixa etária média dos afetados é de 41 anos, o que demonstra o impacto significativo em uma fase crucial da vida profissional. O peso de dupla jornada – trabalho remunerado e responsabilidades familiares – é frequentemente apontado como um dos principais fatores que agravam o quadro de estresse e ansiedade entre as mulheres.
O impacto no mercado de trabalho
Além das consequências individuais para os trabalhadores, a crise de saúde mental tem gerado grandes prejuízos ao mercado de trabalho. Estima-se que a depressão e a ansiedade resultem na perda de 12 bilhões de dias úteis por ano no Brasil, o que equivale a um custo aproximado de US$ 1 trilhão globalmente. Esses números reforçam a necessidade urgente de mudanças nas políticas empresariais, não apenas para proteger a saúde dos trabalhadores, mas também para garantir a continuidade dos negócios em um ambiente sustentável.
O que as empresas estão fazendo?
Diante do quadro alarmante, algumas empresas começam a repensar suas políticas em relação à saúde mental. A Coris Seguro Viagem, por exemplo, implementou um programa de apoio psicológico e orientação financeira para seus funcionários, com o objetivo de reduzir os afastamentos e criar um ambiente de trabalho mais saudável e equilibrado. A iniciativa visa proporcionar não apenas suporte emocional, mas também ferramentas práticas para lidar com a pressão financeira, um dos principais gatilhos para os transtornos mentais.
Ações necessárias para mudar o cenário
Embora algumas empresas estejam adotando medidas de apoio, a realidade ainda é distante do ideal. A atenção à saúde mental no trabalho precisa ser uma prioridade, e isso envolve mais do que oferecer benefícios. As organizações devem ouvir seus trabalhadores, promover espaços de diálogo e adotar uma cultura que valorize o bem-estar psicológico. A implementação de programas de saúde mental no ambiente corporativo é uma ação imprescindível para evitar que o número de afastamentos continue a crescer e que a saúde mental dos trabalhadores seja negligenciada.
O que fazer para melhorar?
A mudança começa com uma reflexão profunda sobre as práticas e condições de trabalho. Isso inclui o fortalecimento da rede de apoio psicológico dentro das empresas e a criação de espaços onde os trabalhadores possam falar abertamente sobre suas dificuldades. Além disso, é essencial que os empregadores invistam em treinamentos para líderes e equipes de recursos humanos, para que saibam identificar sinais de sobrecarga emocional e ofereçam o suporte necessário.
Em um cenário onde a saúde mental é fundamental para a qualidade de vida e produtividade, a responsabilidade pelas condições de trabalho não pode ser ignorada. O momento de agir é agora, para que a saúde mental de milhares de trabalhadores não seja mais um reflexo de um sistema que prioriza a produção em detrimento do ser humano.
SINTPq e suas políticas de saúde mental
O SINTPq se destaca por colocar a saúde mental dos trabalhadores como uma de suas principais prioridades nas negociações com as empresas. Através de iniciativas como o Projeto Lidiana Lucindo Moraes, o sindicato oferece apoio psicológico e ações que visam reduzir o impacto do estresse e da sobrecarga no ambiente de trabalho. Além disso, disponibiliza o Instituto de Terapia Aplicada (ITA), que garante atendimento psicológico para os associados a preços acessíveis.
Além do suporte emocional, o SINTPq trabalha ativamente na negociação de condições de trabalho mais justas e humanas, buscando melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e prevenir o esgotamento mental. O sindicato também conta com canais de denúncias de assédio e ações de conscientização sobre a importância de ambientes de trabalho mais saudáveis, promovendo a criação de espaços de diálogo entre os trabalhadores e empregadores.
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