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Mulher na política e no sindicalismo

13/03/2017

Durante o mês de março, o SINTPq promove um debate sobre o papel e desafios da mulher na ciência e tecnologia, no mercado de trabalho e na sociedade como um todo. Confira abaixo uma reflexão sobre essas questões escrita pela diretora de Políticas Públicas do SINTPq, Filó Santos.

Nós, mulheres somos a maioria da população e ocupamos em maior número os postos de trabalho. No entanto, somos minoria na política e nos sindicatos. O que torna nossa representatividade muito aquém do ideal.

Por que ainda somos tão poucas na política e nos sindicatos? Arrisco elencar alguns fatores que podem ter contribuído para esse cenário:

  • A inserção tardia da mulher no mercado de trabalho;
  • O direito ao voto permitido somente em 1932 por decreto e restrito às mulheres casadas, com autorização dos maridos, e às viúvas e solteiras com renda própria;
  • A dificuldade em conciliarmos emprego, trabalho doméstico, educação da prole, aprimoramento profissional e vida social;
  • Resistência, conflito e falta de apoio do cônjuge ao ingresso da mulher na vida política e sindical;
  • A interrupção momentânea dos movimentos feministas que permitiram a manifestação retrograda e conservadora do machismo ainda presente em nossa cultura.

Diante desse cenário tão assustador, as mulheres tomaram as ruas novamente e estão indo à luta, apoiadas pelos movimentos feministas, pelas mídias independentes, pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pelos seus sindicatos filiados.

Buscando aumentar a representatividade das mulheres no cenário político, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 23/2015, em tramitação no Senado Federal, propõe destinar 30% das vagas eleitorais às mulheres e tem uma função muito importante, porque permitirá que o debate político ganhe em diversidade e qualidade, além de melhor representar nossas necessidades e interesses. E no final quem ganha é toda a sociedade. Quanto mais mulheres na política, menos demonstração de misoginia iremos assistir, como as que presenciamos indignadas no Congresso e no Senado Federal, ocupados majoritariamente por homens.

A aprovação da paridade de gênero na direção da CUT é uma grande vitória para as mulheres do movimento sindical, porque ganhamos em representatividade na defesa de direitos e reivindicações, na construção de uma sociedade mais igualitária, e ganhamos em incentivo na busca do aumento da participação das mulheres em nosso sindicato, discussão que ainda não entrou na pauta da maioria dos espaços sindicais.

Lembrando que todas as nossas conquistas não foram dadas e muitas foram construídas com muita luta e sofrimento.

Nós, mulheres precisamos ocupar mais espaço na política e no sindicalismo. No SINTPq são 12 diretores para 2 diretoras. E se fossemos 6 a 6? Não seria muito mais diversificado o debate? Os interesses não seriam muito mais equilibrados?

Gostaria de deixar claro que ao fazer esses questionamentos, não há a intenção de diminuir o Sindicato que represento e do qual tenho carinho e admiração, pelo contrário, a intenção é instigar as mulheres a participarem de maneira mais ativa, uma vez que nossa representatividade é ainda muito baixa.

A ideia da produção de textos realizadas por uma mulher nesse mês de março, tratando de temas relevantes às mulheres, mas de fundamental importância aos homens e a toda a sociedade, foi a forma que encontrei de minimizar essa disparidade numérica e oferecer às mulheres uma opinião exclusivamente feminina, sem interferência masculina.

Convido vocês, mulheres de nossa base, a aumentarmos esse placar em mais diretoras. Quer participar desse debate, comentar experiências e dar sua opinião à respeito da participação feminina? Entre em contato pelo e-mail [email protected].

Com carinho e esperança,
Filó (Maria Felomena Cassia de Jesus dos Santos – Diretora de Políticas Públicas do SINTPq)