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Mulheres de ontem, de hoje e amanhã

27/03/2017

Durante o mês de março, o SINTPq promove um debate sobre o papel e desafios da mulher na ciência e tecnologia, no mercado de trabalho e na sociedade como um todo. Confira abaixo uma reflexão sobre essas questões escrita pela diretora de Políticas Públicas do SINTPq, Filó Santos.

São incontáveis as mulheres que militam e lutam por ideais. Que tal conhecer algumas delas? 

Rosa Luxemburgo (1871-1919) foi a escolhida para representá-las. 

Filósofa e economista marxista, polaco-alemã. Tornou-se mundialmente conhecida pela militância revolucionária ligada à Social-Democracia da Polônia (SDKP), ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) e ao Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (USPD). Em 1915, após o SPD apoiar a participação alemã na Primeira Guerra Mundial, Luxemburgo fundou, ao lado de Karl Liebknecht, a Liga Espartaquista. Em 1° de janeiro de 1919, a Liga transformou-se no Partido Comunista da Alemanha (KPD). Em novembro de 1918, durante a Revolução Espartaquista, ela fundou o jornal Die Rote Fahne (A Bandeira Vermelha), para dar suporte aos ideais da Liga.

Luxemburgo, Liebknecht e alguns de seus seguidores foram capturados e assassinados, após serem capturados por milícias patriotas compostas por veteranos da Primeira Guerra que estavam desiludidos com a República de Weimar, mas que rejeitavam igualmente o marxismo e o avanço comunista. 

Em consequência de suas críticas às escolas Marxista-Leninista e correntes mais moderadas da escola social-democrática do socialismo, Luxemburgo tem conceito algo ambíguo por parte de estudiosos e teóricos da esquerda política. Apesar disso, Luxemburgo e Liebknecht são considerados mártires por alguns marxistas. De acordo com o Gabinete Federal para a Proteção da Constituição, a comemoração em memória de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht continua a desempenhar uma função importante entre a esquerda política alemã. 

São incontáveis as mulheres que lutam e não desistem. 

Maria da Penha foi a escolhida para representá-las. 

A história de luta de Maria da Penha começou em 1983, quando seu marido tentou matá-la duas vezes. Por conta das agressões sofridas, Penha ficou paraplégica. Lutou para que ele viesse a ser condenado e dezenove anos depois, seu agressor foi condenado a oito anos de prisão, mas por meio de recursos jurídicos, ficou preso por dois anos e foi solto em 2004. Foi então, sancionada a lei brasileira que é popularmente conhecida como Lei Maria da Penha

Com 70 anos e três filhas, hoje ela é líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres, vítima emblemática da violência doméstica. Segundo a senadora de Goiás Lúcia Vânia Abrão Costa (PSB), Maria da Penha poderá ser indicada para receber o Prêmio Nobel da Paz em 2017. 

São incontáveis as mulheres que pensam a humanidade. 

Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir (1908-1986) foi a escolhida para representá-las. 

Simone de Beauvoir, como é conhecida, foi uma escritora, intelectual, filósofa existencialista, ativista política, feminista e teórica social francesa. Ela escreveu romances, ensaios, biografias, autobiografia e monografias sobre filosofia, política e questões sociais. Ela é conhecida por seu tratado O Segundo Sexo, de 1949, uma análise detalhada da opressão das mulheres e um tratado fundamental do feminismo contemporâneo, além de seus romances A Convidada e Os Mandarins. Ela lecionou em várias instituições escolares no período entre 1931 a 1943. Nos anos 1940 ela integrava um círculo de filósofos literatos que conferiam ao existencialismo um aspecto literário, sendo que seus livros enfocavam os elementos mais importantes da filosofia existencialista.

A autora revela certa inquietação diante do envelhecimento e da morte em livros como Uma Morte Suave (título no Brasil) ou Uma Morte Serena (título em Portugal), de 1964. Em A Cerimônia do Adeus, de 1981, ela narra o fim da existência de seu companheiro Sartre, que havia morrido em 15 de abril do ano anterior. 

São incontáveis as mulheres que inovam e revolucionam. 

Nise da Silveira (1905-1999) foi a escolhida para representá-las. 

Ela foi uma renomada médica psiquiatra brasileira. Dedicou sua vida à psiquiatria e manifestou-se radicalmente contrária às formas agressivas de tratamento de sua época, tais como o confinamento em hospitais psiquiátricos, eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia. Ela foi pioneira no uso da terapia ocupacional através de um ateliê de pintura e um tratamento baseado no afeto e no convívio com animais domésticos, métodos revolucionários que são referência até hoje. 

São incontáveis as mulheres que acreditam e vão em frente. 

Valentina Vladimirovna Tereshkova foi a escolhida para representá-las. 

Em 1962, ela foi admitida como cosmonauta, junto a mais quatro mulheres – das quais apenas ela acabou indo ao espaço – sendo a menos preparada de todas, sem educação universitária, mas uma paraquedista experiente, o que era considerada uma condição fundamental para o voo, já que a nave Vostok operava automaticamente, dispensando pilotagem, mas o ocupante era ejetado dela após a reentrada, pousando com um paraquedas pessoal. 

São incontáveis as mulheres que produzem cultura e arte. 

Hilda Hilst (1930-2004) foi a escolhida para representá-las. 

Poeta, ficcionista, cronista e dramaturga brasileira. É considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX. Seus livros e poemas retratam muitas vezes a relação das mulheres com seus desejos e sentimentos. Do amor ao sexo.

Seu primeiro livro Presságio, publicado em 1950, foi recebido com grande entusiasmo pelos poetas Jorge de Lima e Cecília Meireles. Em 1966, Hilda muda-se para sua Casa do Sol em Campinas, casa planejada pela autora para ser um espaço de inspiração e criação artística. Hilda Hilst viveu o resto de sua vida na Casa do Sol e nela hospedou diversos escritores e artistas por vários anos. Hilda Hilst escreveu por quase cinquenta anos, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do Brasil. 

Em 1962, por Sete Cantos do Poeta para o Anjo, recebeu o Prêmio PEN Clube de São Paulo. Em 1969, a peça O Verdugo, arrebatou o Prêmio Anchieta, um dos mais importantes do país na época. Ainda em 1969, a cantata Pequenos Funerais Cantantes, composta por seu primo, o compositor Almeida Prado, sobre o poema homônimo de Hilda, conquistou o primeiro prêmio do I Festival de Música da Guanabara. Em 1977, Ficções foi considerado o melhor livro do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte. 

Em 1981, Hilda Hilst recebeu o Grande Prêmio da Crítica para o Conjunto da Obra, pela mesma Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 1984, Cantares de Perda e Predileção  recebeu o Prêmio Jabuti concedido pela Câmara Brasileira do Livro, no ano seguinte, recebeu o Prêmio Cassiano Ricardo (Clube de Poesia de São Paulo). Em 1993, Rútilo Nada, publicado pela editora Pontes, levou o Prêmio Jabuti como melhor conto. Em 2002, foi premiada na 47ª edição do Prêmio Moinho Santista na categoria Poesia. A partir de 1982, Hilda participou do Programa do Artista Residente, da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. 

São incontáveis as mulheres que generosamente contribuem com a evolução da humanidade, que contribuem com a perpetuação da espécie humana. Entre essas mulheres, você foi a escolhida para representar a natureza humana.

Com carinho, digo até mais,

Filó (Maria Felomena Cassia de Jesus dos Santos – Diretora de Políticas Públicas do SINTPq)