Novo telescópio da Nasa quer saber: o que são energia e matéria escuras?
Na última semana, a Nasa (Agência Espacial Americana) anunciou o lançamento de um telescópio chamado WFIRST, que permitirá uma observação espacial tão “precisa e poderosa” quanto do Hubble (lançado em 1990), mas com uma abertura visual 100 vezes maior (veja na imagem abaixo). A agência espera que ele ajude a solucionar “os segredos do Universo”, tais como entender o que são energia escura e matéria escura, além de “explorar a evolução do cosmos” e “descobrir novos mundos fora do sistema solar” capazes de abrigar vida como conhecemos.
O WFIRST foi eleito por astrônomos, em 2010, a missão espacial prioritária da agência americana. Após atrasos, o Congresso liberou verba no fim do ano passado para acelerar o programa que, com orçamento calculado em US$ 2 bilhões, passou a prever seu lançamento em 2020.
A dupla misteriosa energia e matéria escuras assumem, respectivamente, 68% e 27% do Universo. Os seres humanos, a Terra, e toda a matéria que podemos ver direta ou indiretamente ocupam pouco menos de 5% do espaço cósmico. Isso explica um pouco da importância de obter mais informações sobre ambas. Mas, afinal, o que são e o que ainda não se sabe a seu respeito?
Energia escura
O professor titular e diretor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), Laerte Sodré Júnior, define ao Nexo o atual estado da arte sobre o assunto: “Energia escura? A gente não faz a menor ideia do que seja, nem se é energia de fato”. O astrônomo explica, no entanto, que se trata do nome dado à “coisa responsável pela aceleração do Universo”.
Até a década de 1990 pensava-se que o Universo estava em desaceleração em relação ao Big Bang, seu suposto “início”. Isso em função da gravidade que faria com que as matérias presentes no espaço se atraíssem. Foi aí que o Hubble deu uma de suas grandes contribuições à ciência, observando Supernovas distantes (corpos celestes originados da explosão de uma estrela de grande massa), concluiu-se que em vez de desacelerar, o Universo estava acelerando. “A aceleração ultrapassou a desaceleração há poucos bilhões de anos atrás. O que causa essa aceleração? Não sabemos”, diz Sodré Júnior.
A energia escura invisível que recheia boa parte do Universo, está, no entanto, no topo da lista de possibilidades. As respostas sobre suas propriedades, origem e comportamento é exatamente o que se espera obter com a missão WFIRST. Isso porque sua visão ampliada sobre o Universo permitirá observar com mais detalhes fenômenos como explosões de estrelas, dando mais dados para essa investigação sobre o desenvolvimento do cosmos.
Matéria escura
E quanto à matéria escura, aquela dona de 27% do espaço? O professor da USP e físico teórico Juliano Neves é direto sobre o que se sabe a respeito dela: “Não há uma resposta final. Há tentativas, mas não há um consenso”, diz. Ele explica que a cosmologia padrão entende a matéria como a responsável por alterações do comportamento das galáxias, como sua rotação.
Mas por que é tão difícil saber mais a respeito dela? O principal fator é que não se pode vê-la. “É uma matéria que não emite nem reflete luz. No entanto, ela pode ser indiretamente detectada pela rotação da galáxia porque ela interage gravitacionalmente”, diz.
O astrônomo Laerte Sodré Júnior ressalta ao menos o que já se sabe a respeito da matéria escura: o que ela não é.
O WFIRST pode ajudar a ciência a avançar sobre o tema, já que ele poderá acompanhar com precisão o movimento de galáxias e, assim, identificar como a matéria escura afeta esse comportamento.
Vida lá fora
Além do foco na solução dos grandes mistérios da astronomia, o WFIRST deverá ser utilizado na identificação de novos planetas, localizados em outro sistema planetário que não o nosso. A seu favor está o uso de infravermelho e a presença de uma tecnologia chamada coronógrafo, que bloqueia o brilho de certas estrelas e permite a observação dos planetas em sua órbita. O objetivo fundamental é encontrar algum com características compartilhadas com a Terra, que o torne adequado à presença de vida.
Até o lançamento do WFIRST, a Nasa já vai ter colocado outro telecóspio no espaço, o chamado James Webb, em 2018. A expectativa é de que com as observações feitas por este, o WFIRST deixe a atmosfera terrestre munido de mais dados e com ainda mais perguntas a serem respondidas.
Fonte: Portal Nexo
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