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Pesquisadores desenvolvem sensor capaz de detectar dengue antes dos primeiros sintomas

10/02/2015

Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP) e da empresa DNApta Biotecnologia, de São José do Rio Preto (SP), desenvolveram um biossensor capaz de detectar dengue antes de surgirem os primeiros sintomas da doença.

O dispositivo, criado durante um projeto de mestrado da estudante Alessandra Figueiredo e de um pós-doutorado realizado por Nirton Cristi Silva Vieira com Bolsa da FAPESP, foi desenvolvido no Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia do IFSC-USP, coordenado pelo professor Valtencir Zucolotto, e no âmbito do Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica (INEO) – um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) financiados pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) -- pelo professor Francisco Guimarães.

E foi descrito em um artigo publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature.

“O biossensor é capaz de diagnosticar dengue com maior rapidez, menor custo e facilidade do que os testes laboratoriais existentes hoje”, disse Vieira, pós-doutorando no IFSC-USP e um dos autores do projeto, à Agência FAPESP.

A tecnologia do biossensor é baseada na detecção elétrica da proteína não-estrutural 1 NS1.

Esse tipo de proteína é secretada pelos quatro tipos de vírus da dengue (DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4) e encontrado em concentrações detectáveis no sangue de pessoas tanto com infecção primária (que contraíram a doença pela primeira vez) quanto secundária (a partir da segunda vez), do segundo até o nono dia após o início da doença.

Por isso, é considerada um excelente biomarcador de infecção pelo vírus da dengue, de acordo com Vieira.

“A vantagem de utilizar a proteína NS1 para detectar dengue é que é possível diagnosticar a doença mais precocemente, já no segundo ou terceiro dia após a infecção, uma vez que os sintomas da dengue só começam a aparecer, em média, a partir do sexto dia após a picada do mosquito”, disse o pesquisador.

Uma das formas usadas para detectar a proteína NS1 do vírus da dengue é por meio de anticorpos como a imunoglobulina G (IgG), obtidos por meio da fusão de linfócitos B provenientes do baço de animais imunizados com células de mieloma (linhagem tumoral de linfócitos B) ou extraídas do sangue de mamíferos inoculados com NS1.

O problema, contudo, é que o custo desse processo de fusão de linfócitos B é muito alto.

Já a quantidade de anticorpos obtida por meio do sangue de mamíferos inoculados com NS1 é muito pequena, ressalvou Vieira.

“O rendimento desse processo é muito baixo”, disse.

Fonte: Exame