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Quem são as mulheres em CT&I? Com Ros Mari, do IPT

28/03/2014

continuidade ao ciclo de reportagens especiais sobre mulheres que atuam em CT&I, o SINTPq apresenta nesta semana Ros Mari Zenha, geógrafa e pesquisadora do IPT há 36 anos.

É comum encontrar Ros Mari em reuniões, assembleias e discussões sobre ciência e tecnologia em todos os cantos da cidade de São Paulo, em especial, quando a temática envolve a inserção das mulheres nestes espaços.

A Ros Mari pesquisadora é resultado do apoio familiar aos estudos em um período, segundo ela, no qual as meninas dedicavam-se às tarefas domésticas e pouco à formação profissional. Para a pesquisadora, a educação é o fator principal para conquista da autonomia feminina. No entanto, “ao entrar no mercado de trabalho (as mulheres) recebem menos do que os homens e ocupam posições subordinadas e isso vale, também, para a área de CT&I. Mesmo que tenhamos exemplos de mulheres em altos postos de comando em empresas e entidades, ainda são uma minoria”, afirma.

Atualmente no Centro de Tecnologia do Ambiente Construído (Cetac) do IPT, Ros Mari vê aumentar a presença feminina no campo da CT&I, principalmente, nas ciências da vida e ambientais, em detrimento, no entanto, das ciências exatas. De acordo com ela, isso se deve à própria educação que as meninas recebem, sempre orientadas as atividades do cuidar e educar. “Um exemplo? Meninas brincam com bonecas e panelinhas e meninos com carrinhos, jogos de montar entre outros. Se o computador de casa quebra, a mãe chama o menino para arrumar. São pequenas atitudes que acabam por moldar o comportamento das crianças em todo seu processo de educação e ao longo da vida”, explica a pesquisadora.

Para Ros Mari, ampliar a participação das mulheres na área de CT&I passa não só pelo presente, com adoção de creches nos locais de trabalho e horário flexíveis, mas também, pelo futuro: “é necessário mudar os currículos das escolas de ensino fundamental inserindo neles o tema da igualdade de gêneros, com destaque para as mulheres que fizeram a nossa história e que foram responsáveis pelo avanço da ciência e tecnologia no mundo e no Brasil (...); conscientizar as famílias sobre a necessidade de um tratamento igualitário para meninos e meninas incentivando-as a buscar novos desafios e novas carreiras profissionais”.

No IPT, a pesquisadora defende a manutenção de uma importante conquista das profissionais ipteanas na década de 1970: a creche.  “Trata-se de um benefício que permite a retenção de jovens talentos femininos nesta Instituição de Pesquisa centenária. Creio que um programa de atividades que tratasse dos principais desafios enfrentados pelas mulheres, com a finalidade de conscientizá-las e orientá-las (no IPT, temos mulheres em diferentes posições e profissões e com diferentes necessidades) também ajudaria bastante”, sugere.

Por fim, Ros Mari salienta que “as mulheres que atuam no campo da CT&I, em que pese os desafios que têm pela frente, ainda são privilegiadas se comparadas a tantas outras mulheres no mundo vítimas de preconceito de gênero; de violência e tráfico sexual; de assédio moral; de condições precárias de trabalho em funções subalternas; de salários irrisórios; de uma dupla jornada de trabalho que, na maior parte das vezes, faz com que deixem os e as filhas à própria sorte, entre outros”.