A exposição "Stefania Bril: desobediência pelo afeto", inaugurada no Instituto Moreira Salles, em São Paulo, apresenta cerca de 160 fotografias em preto e branco da artista Stefania Bril, capturadas principalmente na década de 1970. Com uma abordagem que mistura sensibilidade, humor e crítica sutil ao cotidiano urbano, a mostra é a primeira dedicada à fotógrafa nos últimos 30 anos. Stefania, nascida na Polônia e sobrevivente do Holocausto, migrou para o Brasil, onde começou sua carreira fotográfica aos 47 anos, após uma trajetória inicial em química e bioquímica.

As fotografias expostas refletem o olhar único de Stefania sobre as cenas cotidianas das cidades, revelando as nuances, ironias e contradições da vida urbana. Em suas imagens, a artista destacava o que muitas vezes passa despercebido: as interações humanas simples e os momentos de afeto, retratados com uma dose de humor e irreverência. A curadora Ileana Pradilla Ceron destacou que Stefania era uma "fotógrafa do comum", que não se preocupava com os grandes temas políticos ou sociais, mas com a poesia e a sutileza do dia a dia. Esse enfoque fez com que sua obra capturasse a resistência e a resiliência em tempos de repressão, como durante os anos de chumbo no Brasil.

Apesar de ter produzido mais de 11 mil fotogramas e atuado como crítica e curadora, Stefania Bril permanece uma figura pouco conhecida no cenário da fotografia brasileira. Sua falta de reconhecimento é percebida como um apagamento, especialmente considerando seu papel pioneiro como crítica de fotografia e organizadora dos primeiros festivais de fotografia no Brasil. A exposição, que resgata e celebra sua obra, está aberta ao público até 26 de janeiro e oferece uma oportunidade única de conhecer o legado de uma artista que transformou o cotidiano em uma forma de resistência e expressão artística.