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PIDS: Projeto da Prefeitura de Campinas fomenta especulação imobiliária e desigualdade, denuncia SINTPq

O sindicato reivindica um debate amplo e inclusivo sobre o plano diretor da cidade, a fim de evitar que Campinas siga o mesmo caminho de São Paulo, onde a exclusão e a segregação se intensificam

05/07/2023

A Diretoria do SINTPq (Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia) expressa publicamente sua posição contrária ao atual modelo do Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável (PIDS), proposto pela Prefeitura de Campinas. Embora tal projeto seja apresentado como uma iniciativa com caráter sustentável e voltada para o desenvolvimento da região, o sindicato observa que a proposta de PIDS está alinhada com a mesma lógica desigual que sempre predominou nos debates sobre a ocupação do solo na cidade.

Essa proposta de PIDS tem como objetivo expandir a urbanização do distrito de Barão Geraldo, por meio da alteração da lei de parcelamento, uso e ocupação do solo. Propõe a criação de zonas de centralidade (ZC) ao longo de vias que atravessariam o território do antigo CIATEC Polo II, indo em direção ao norte do distrito até o Bosque das Palmeiras. De acordo com o projeto, essas zonas poderiam abrigar edifícios de até 7 andares, com uso misto (residencial e não-residencial), incluindo também os chamados "projetos inovadores" que teriam compromisso com a sustentabilidade.

É importante ressaltar que todas as iniciativas habitacionais planejadas até aqui favorecem as regiões mais ricas da cidade, perpetuando a desigualdade e a especulação imobiliária. A cidade de Campinas necessita de investimentos e empreendimentos que promovam o avanço tecnológico – especialmente aqueles relacionados a tecnologias limpas, saúde, energia e TI – mas é inaceitável que essas oportunidades estejam concentradas em áreas privilegiadas, excluindo grande parte da população.

O PIDS abrange não apenas o Polo de Alta Tecnologia e sua zona de expansão, mas também os prestigiosos campi da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas). O PIDS inclui ainda o HUB Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS) da Unicamp, com seus 11 milhões de metros quadrados, que engloba a Fazenda Argentina. É necessário questionar por que tantos recursos estão sendo destinados a essas áreas privilegiadas, enquanto outras regiões da cidade são negligenciadas e enfrentam problemas estruturais e socioeconômicos.

O SINTPq clama por um debate amplo e inclusivo sobre o plano diretor da cidade, a fim de evitar que Campinas siga o mesmo caminho de São Paulo, onde a exclusão e a segregação se intensificam cada vez mais. Não podemos permitir que nossa cidade, que é conhecida por sua excelência tecnológica, seja marcada por uma distribuição desigual de renda e pela concentração de pobreza e riqueza.

O sindicato propõe que a cidade invista em projetos de habitação social, que promovam a inclusão e garantam o acesso de todos os cidadãos a um ambiente digno e sustentável. Além disso, é fundamental incentivar empreendimentos que estejam alinhados com as políticas industriais e públicas do Brasil, especialmente aqueles relacionados à tecnologia limpa, saúde, energia e TI. É possível conciliar o desenvolvimento tecnológico com a justiça social, desde que haja uma abordagem inclusiva e equitativa.

Portanto, o SINTPq insta a Prefeitura de Campinas a expandir o diálogo aberto com a população, especialistas, entidades de representação, inclusive os sindicatos de trabalhadores, a fim de repensar e redirecionar o PIDS. É essencial que as decisões sobre o desenvolvimento urbano considerem não apenas os interesses das elites econômicas, da especulação imobiliária, mas também, e principalmente, as necessidades e aspirações de toda a sociedade.

Como representante dos trabalhadores em pesquisa, ciência e tecnologia, o SINTPq está comprometido em lutar por uma cidade mais justa, igualitária e sustentável. Unidos, podemos construir um futuro no qual a tecnologia seja um instrumento para o progresso social, e não uma fonte de exclusão e desigualdade. Convidamos todas as pessoas e instituições/entidades a se juntarem a nós em mais essa luta por uma Campinas melhor e, de fato, plenamente inclusiva.