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CPqD: Presidente defende opções de mercado e acha normal demissões no centro de pesquisa

30/04/2015

O SINTPq se reuniu com a direção do CPqD no último mês em busca de respostas para as demissões correntes e crescentes na empresa. O resultado do encontro mostrou uma direção acomodada com a situação e sem ações que possam reverter o quadro, preferindo penalizar os trabalhadores com demissões.

Demissões

Para o presidente do CPqD, Hélio Graciosa, as demissões são completamente naturais. Ele argumentou que o mercado é cíclico e ora está aquecido, ora não está. As demissões, de acordo com o presidente, são uma adequação de despesas e não parte de um processo de reestruturação do CPqD.

Funttel

Graciosa afirmou que o CPqD ainda não recebeu os recursos de 2014 do Fundo e salientou que o déficit no saldo do Funttel pode inviabilizar grupos voltados à pesquisa. Em março, o SINTPq divulgou que o CPqD perdeu R$ 30 milhões em recursos do Fundo por problemas na prestação de contas.

De acordo com membros do Conselho Gestor do Funttel, o relatório do CPqD estava incompleto, além de apresentar falhas na destinação financeira e prestação de contas.

Pesquisa

O presidente do CPqD não vê nas demissões perda da capacidade de pesquisa e inovação da instituição. Pelo contrário, ressaltou que o Centro se mantém competitivo e que é possível observar isso através das freqüentes parcerias firmadas pelo CPqD.

Futuro

Segundo Graciosa, o futuro do CPqD será guiado pela conjuntura do mercado, se adequando assim aos ciclos de oferta e demanda. Ora demitindo, ora contratando profissionais, assim como acontece em outras empresas.

Sindicato

Nos trechos acima relatamos a versão dos fatos apresentados pelo presidente do CPqD, Hélio Graciosa. Para o SINTPq, no entanto, essa ‘lógica’ tem um alto custo para a instituição, conforme estamos há meses (e anos) divulgando aos trabalhadores e até mesmo explicando para a direção da empresa.

Ao afirmar que o CPqD segue as “regras do mercado”, a direção do CPqD desconsidera que a empresa é, antes de mais nada, um centro de pesquisa e, como tal, deve primar pelo conhecimento e trabalho de seus empregados.

O CPqD que produzia inovação para o país, com tecnologia de ponta para cada período, há tempos deixou de existir. A demissão dos empregados mais antigos agrava essa situação, pois com eles se vai parte do conhecimento e da história da instituição.

Sobre o Funttel já nos posicionamos para a empresa e trabalhadores. As ingerências administrativas do CPqD não podem, novamente, resultar em perdas de recursos e demissões. É inadmissível que R$ 30 milhões sejam ‘perdidos’ por falta de transparência na aplicação desses recursos.

O futuro previsto pelo Graciosa, “de acordo com o mercado”, é perigoso para o CPqD. Acreditamos que há caminhos melhores, com opções de um futuro de pesquisa, reconhecimento e contribuição nacional para o Centro (assim como já fomos um dia). No entanto, esse futuro não está direcionado para as ‘opções de mercado’, em que se ‘corta na carne’ os trabalhadores mais antigos ao primeiro sinal de tempos ruins.

É claro que não podemos ainda ignorar a ausência de políticas para a indústria, ciência e tecnologia em nosso país. Sem elas, o Governo Federal deixa para as empresas de telecomunicações ditarem “o tom” do setor. Esse tom é apenas do lucro. Não há preocupação com o desenvolvimento e a pesquisa brasileira.