Direção do IPT ameaça demitir 200 caso trabalhadores não aceitem redução de salários e jornada
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) passa por uma das piores crises de sua história ao mesmo tempo em que o governo estadual diminui cada vez mais os recursos destinados ao Instituto. Com isso, o IPT tem que buscar no mercado a verba para sua manutenção, forçando seus pesquisadores a trabalhar em busca de clientes e deixando a missão do IPT em segundo plano. Essa situação é incompatível com qualquer instituto público de pesquisa do mundo.
O presidente do conselho de administração do IPT, Márcio França, é também o vice-governador do estado e pouco tem agido para ajudar o Instituto neste momento de dificuldades e incertezas. Diante desse cenário, a direção manifesta publicamente numa reunião com os funcionários a possibilidade de demitir 200 trabalhadores caso não seja aceita a sua proposta de reduzir salários e jornada de trabalho no âmbito da lei 13.189, que criou o PPE – Programa de Proteção ao Emprego.
Ainda, segundo a direção do Instituto, a necessidade da adesão ao PPE, que reduz 20% da jornada de trabalho e 10% do salário dos funcionários (sendo que os 10% restantes seriam pagos pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT), é tratada como opção para não haver demissões. A diretoria do IPT joga nas costas dos trabalhadores e da união, através do FAT, as consequências de seus erros de gestão e isenta o governo estadual de suas responsabilidades com a Instituição.
O desrespeito e desinteresse do governo do estado ao IPT são evidenciados quando os recursos destinados ao Instituto são, ano a ano, diminuídos e nem a correção inflacionária vem sendo aplicada há mais de uma década.
O sindicato e os trabalhadores através de seu Conselho de Representantes têm sugerido alternativas para que o Instituto possa cortar custos de outras formas. Uma delas consiste na redução de cargos comissionados, cerca de 40 em um universo de 700 funcionários, que tornam o IPT um cabide de empregos para os apadrinhados do governo estadual.
Mais de 50 demissões já acorreram neste ano, sendo 44 delas só nos últimos dois meses. O agravamento da situação do IPT demonstra que lamentavelmente a direção não possui força política para buscar soluções junto ao governo do estado.
O IPT é um Instituto com mais de 100 anos de serviços prestados ao povo de São Paulo e do Brasil, tendo inúmeras pesquisas reconhecidas internacionalmente. Ao longo do último século, os pesquisadores do IPT têm se dedicado ao fortalecimento do conhecimento nacional e no emprego da ciência na superação de desafios presentes em nossa sociedade. Uma entidade centenária e com uma história como essa não pode continuar sendo vítima dos desmandos e inoperância do governo do estado de São Paulo e de seus representantes.
O Governo do Estado de São Paulo é o acionista majoritário e têm obrigações para com o IPT e seus trabalhadores, a alegação de não ter recursos para pagar salários conflita com o discurso de demissões. Como não há dinheiro para custeio e há dinheiro para demitir?
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